Artigo:Para que servem os poetas em tempo de indigência?

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Para que servem os poetas em tempo de indigência?

No dia em que se celebra o Dia Mundial da Poesia, da Árvore e da Luta contra a Discriminação Racial relembra-se a pergunta feita pelo poeta Hölderlin no poema “Pão e Vinho”: Para que servem os poetas em tempos de indigência?

Pergunta esta que serve também de mote ao livro de poesia A Terceira Miséria, de Hélia Correia, e onde se caracteriza a terceira miséria da seguinte forma:

A terceira miséria é esta, a de hoje.

A de quem já não ouve nem pergunta

A de quem não recorda. E, ao contrário

Do orgulhoso Péricles, se torna

Num entre os mais, num entre os que se entregam,

Nos que vão misturar-se como um líquido

Num líquido maior, perdida a forma, 

Desfeita em pó a estátua.

Num tempo de várias lutas: ambientais, de discriminação racial, de empobrecimento, de horários dignos e outras, é necessário manter também a luta pelo direito à cultura e ao tempo de que cada um necessita para usufruir da cultura e para dar voz a essa luta continuamos a servir-nos das palavras da autora:

De que armas disporemos, senão destas

Que estão dentro do corpo: o pensamento,

 A ideia de polis, resgatada

De um grande abuso, uma noção de casa

E de hospitalidade e de barulho

Atrás do qual vem o poema, atrás

Do qual virá a colecção dos feitos

E defeitos humanos, um início.

 

“A Poesia foi forma de denúncia da repressão de um povo inteiro onde a taxa de analfabetismo rondava os 75% nas mulheres e 70% nos homens, e a maior parte da população estava afastada do usufruto da arte e da cultura.” – podemos ler num ensaio de Carmen Granja no Jornal Setenta e Quatro e que tem por título:

A poesia é uma arma carregada de futuro. 

Albertina Pena