Artigo:Os Velhos do Restelo gostam do Ensino Privado

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Os Velhos do Restelo gostam do Ensino Privado

Neste link, dois – tristemente - célebres ex-secretários de estado, Jorge Pedreira e João Casanova de Almeida, fazem a apologia da ESTABILIDADE (excruciante a reverberação cavaquista desta singela e inocente palavra).

Ambos operacionais do bloco central dos interesses da educação, PS e PSD, de que, como se sabe, provêm um parte substancial dos principais responsáveis de alguns estabelecimentos privados de educação, nomeadamente o mal-afamado grupo GPS.

Por coincidência, ontem participei num diálogo com colegas na sala de professores da minha escola, em que vários se indignavam com as mudanças dos exames e das provas de aferição, etc., dando corpo àquilo que parece ser um consenso entre uma grande parte dos portugueses, incluindo profissionais e cidadãos altamente prejudicados pelas políticas educativas do anterior governo: o da necessidade de “estabilizar”, de não se estar sempre a mudar cada vez que muda o governo.

Isto coloca questões interessantes, em particular as razões da ausência de entusiasmo face ao fim de grande número de medidas gravosas e penalizadoras, por oposição à extrema sensibilidade e desagrado perante as mudanças do sistema de avaliação dos alunos, por exemplo, que quase parece uma espécie de “Volta Crato, estás perdoado”.

Entre professores, tenho uma explicação para isto, infelizmente nada abonatória para a minha classe: o que é imediato, visível, tangível, no dia-a-dia, é o trabalho burocrático; o que é estrutural, sistémico, embora nos afete a todos, não é facilmente perceptível, o que inclui coisas como a requalificação ou as alterações ao estatuto do ensino particular e cooperativo. Apesar dos inúmeros esforços dos sindicatos e de muitos colegas activistas.

Talvez a tabela abaixo possa dar uma perspectiva do que está em causa, nomeadamente o emprego com direitos e o serviço público de educação:

 

Tabela 1- Variação do número de alunos no sistema privado e público de ensino segundo dados da PORDATA.

 

Quanto a isto, também é para manter a “estabilidade” da tendência?

 João Correia