Artigo:Os professores não são o bode expiatório do sistema

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Os professores não são o bode expiatório do sistema

Voltou a caça às bruxas? No passado dia 19, num editorial do “Público” assinado por Manuel Carvalho, mais uma vez os professores e os sindicatos dos professores são zurzidos pela convocatória de greve às horas extraordinárias. Segundo esse jornalista, tal medida é/era “um grave atentado contra a escola pública, contra os alunos e contra o prestígio social dos professores”.

A importância e o papel dos professores são de tal forma relevantes que, quando algo falha, se atira contra eles, sem se ver ou sem se querer ver as razões que estão a montante. Maria de Lurdes Rodrigues fez o seu papel na altura e ajudou a descredibilizar e isolar socialmente uma classe que merece ser valorizada como das mais fundamentais para o progresso e desenvolvimento da sociedade. Às vezes a memória é curta, mas os problemas de falta de docentes em várias disciplinas e em algumas regiões do país, o burnout  que afecta um número preocupante de docentes são problemas há muito identificados. De quem é a culpa?

Esta introdução vem a propósito da notícia do “Público” de hoje, em que se dá conta do “primeiro dia de greve às horas extraordinárias com impacto “nulo” nas escolas”, citando Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas. Já a Fenprof considera prematuro fazer balanço deste primeiro dia de greve e lembra que o pré-aviso de greve apresentado na semana passada se destina a ser usado em situações “limite”. “Ninguém é obrigado a fazer greve, se encontrar condições para arcar com a sobrecarga. A greve ajudará aqueles que, entrando em risco de exaustão, ainda assim possam proteger-se do recurso à baixa médica. A greve às horas extraordinárias destina-se, assumidamente, a defender o direito à educação dos alunos, protegendo a saúde física e mental dos seus professores”, citando a nota escrita por Mário Nogueira enviada no final da semana passada ao “Público”.

Convém lembrar que na semana passada, dois meses após o início do ano lectivo, havia 20 mil alunos sem pelo menos um professor. De quem é a culpa?

Almerinda Bento