Artigo:Os professores estão de luto

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Os professores estão de luto

Há duas semanas, neste mesmo espaço, celebrámos a classe docente, lembrando o Dia Mundial do Professor. Ao longo desse dia, a Internacional da Educação, numa iniciativa global, reuniu professores e professoras de todo o mundo, debatendo os problemas que afectam a classe docente de todos os continentes e apontando para o papel insubstituível e de liderança que os professores e professoras tiveram durante todo o período da pandemia e que continuarão a assumir nesta fase de profunda crise sanitária, económica e social que estamos a viver.

Mais uma vez, reforçámos a nossa consciência do que há de comum na nossa diversidade, das consequências do ataque à Escola Pública por políticas de cortes e de desvalorização do serviço público universal prestado pelos profissionais da educação e também do imenso potencial que os/as docentes têm de transformação em prol dum mundo mais justo, mais democrático e igualitário. Assim os professores tenham noção da força que são.

Hoje, não poderia deixar de aqui trazer o profundo pesar pela morte bárbara de um dos nossos. Barbaramente assassinado por um jovem extremista, Samuel Paty, professor de História e Geografia numa escola de uma pequena comuna nos arredores de Paris, tinha abordado a questão da liberdade de expressão e usara na sua exposição, entre outros materiais, caricaturas de Maomé. A intolerância, grave problema das nossas sociedades, com a qual nos confrontamos de forma cada vez mais banal, reflecte um mal-estar disseminado, não podendo ser percepcionado como um problema individual deste ou daquele indivíduo particular. No mesmo dia em que o Público deste domingo 18 de Outubro trazia a notícia sob o título “A França enfrenta mais uma tentativa de decapitar a liberdade de expressão”, pudemos ver nos telejornais, poderosas manifestações de cidadãos e cidadãs franceses afirmando a sua firme decisão de não calar os valores Liberté, Egalité, Fraternité, que são também os valores pelos quais Samuel Paty se batia quando ensinava História e Geografia aos seus alunos.

Estamos de luto. Cada vez mais se mostra ajustado o lema “Respeitar os Professores e Valorizar a Educação e o Futuro”, com o qual este ano a FENPROF celebrou o Dia Mundial do Professor.

Almerinda Bento