Artigo:Organização MPPM | Educar para a Paz é contrariar os discursos de desumanização

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Educar para a Paz é contrariar os discursos de desumanização

Raul Ramires | Membro da Direção Nacional do Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM)

A guerra e a violência extrema assolam, no tempo em que vivemos, tantos países, em quase todos os continentes. As imagens e os relatos chegam-nos através da televisão e também, cada vez mais, pelas redes sociais. Outras formas de violência e ideias que julgávamos (ou desejávamos) enterradas sob a mais pesada ignomínia levantam cada vez mais a cabeça e chegam-se cada vez mais e em mais países ao poder.

Na Palestina, depois de décadas de ocupação, de guerras, da implementação de um Estado racista, de um verdadeiro sistema de Apartheid e de todo o tipo de violências, o Estado de Israel, apoiado política, diplomática, moral e militarmente pelos seus aliados leva a cabo há quase um ano e meio uma campanha de genocídio, não só contra a população da Faixa de Gaza mas também, por outros meios, contra toda a Palestina, matando e tornando impossível a vida em muitas cidades, vilas e territórios. Simultaneamente, e enquanto que por todo o mundo se assistiu ao surgimento de um amplo e histórico movimento de solidariedade, em diversos países do mundo os governos optaram por reprimir duramente essas mesmas demonstrações de solidariedade.

Neste contexto, a Educação para a Paz ganha especial e determinante importância. O MPPM – Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente, praticamente desde a sua formação, procurou ser também uma plataforma útil aos professores e a toda a comunidade educativa nessa missão que é a Educação para a Paz. Importa dizer que, educar para a paz é também contrariar os discursos de desumanização do outro, é contribuir para a valorização das culturas, nomeadamente e no caso do MPPM, da cultura do povo palestino, mostrando a sua diversidade e complexidade, combatendo visões esquemáticas e preconceituosas.

Entre as atividades em que o MPPM tem participado contam-se várias idas a escolas (básicas, secundárias e superiores) para, na maior parte das vezes a convite e em conjunto com os professores, expormos e discutirmos as nossas posições sobre os direitos do povo palestino (direitos tão maltratados e desrespeitados desde há mais de 7 décadas) e de defesa da paz no Médio Oriente. Em várias ocasiões e tendo em atenção as idades e o contexto curricular do público escolar, procuramos levar filmes, vídeos ou outro material de suporte.

O MPPM dispõe, entre outros elementos, da exposição “A Questão Palestina: O Essencial”, que é composta por 12 painéis abrangendo temas como a ocupação do território palestino, a Nakba e os refugiados, o apartheid israelita, o muro e os colonatos ou os presos palestinos. Esta exposição está, neste momento, a circular entre as escolas do Agrupamento de Escolas de Coimbra-Oeste.

Uma das iniciativas de Educação para a Paz mais marcante levadas a cabo pelo nosso movimento, que infelizmente não foi possível repetir, foi o Concurso Escolar “Paz para a Palestina”, promovido em 2010 entre estudantes do 2.º e 3.º ciclos do Ensino Básico, cujo prémio especial consistiu numa deslocação de uma semana à Palestina, para os autores do trabalho vencedor, professor orientador e representante da Escola, acompanhados por representantes da Delegação-Geral da Palestina em Portugal e do MPPM.

Se, como se disse acima e é tragicamente evidente no nosso dia-a-dia, os perigos são grandes e os crimes a que assistimos, impensáveis e inqualificáveis, também é verdade que há, da parte daqueles que não aceitam este caminho, força e vontade para combater a propaganda da guerra, a impunidade e indiferença perante os crimes dos mais poderosos e a hipocrisia tantas vezes associada a estas atitudes. Da parte do MPPM contamos poder continuar as atividades nas escolas em defesa dos direitos do povo palestino e da paz naquela região do mundo. Apelamos aos professores que contem com nosso movimento, naquilo que estiver ao nosso alcance, nessa tarefa que é de todos. 

Texto original publicado no Escola/Informação Digital n.º 45 | março 2025