Artigo:Ora vamos lá (re)começar

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Ora vamos lá (re)começar

Abro o “Público” de hoje e dou com este título (o maior) na primeira página: “Operação de testagem em curso nas escolas exclui 1,2 milhões de alunos” e, em subtítulo, “Ao contrário do primeiro período, testes à covid-19 só contemplam docentes e pessoal auxiliar”.

Daniela Carmo, a jornalista responsável pelo artigo, elucida-nos que esta operação de testagem só inclui cerca de 220 mil docentes e não docentes, excluindo alunos. Questionado o Ministério da Educação, este remeteu para um comunicado de Dezembro do ano findo. Tiago Rodrigues, em visita a uma escola de Felgueiras, não se comprometeu com nova ronda de testes nas escolas, lembrando que “Nunca nos podemos esquecer que temos quatro testes gratuitos nas farmácias locais, um pouco por todo o país”.

É interessante ver como diferentes actores do processo educativo olham para o problema e tirar conclusões. Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) fala em “contornar” o problema: “Se quisermos os quatro testes gratuitos e quisermos os testes nas escolas, estamos a duplicar custos”. A visão economicista é o que o aflige, digo eu.

Manuel Pereira, presidente da direcção da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE) diz que usar os quatro testes mensais pode ser uma alternativa à não inclusão de alunos na campanha. Pergunto eu: será que a realidade das vidas das famílias e da capacidade das farmácias se coaduna com esta visão simplista e até “idílica” que o dirigente da ANDE sugere?

Não encontro nesta notícia nenhuma referência a contactos com os sindicatos de professores para se pronunciarem sobre esta campanha de testagem no início do 2º período lectivo. No entanto, vale a pena trazer para esta Notícia do Dia as palavras de uma professora, Rosário Alves, directora do Agrupamento de Escolas de Benfica: “Deveriam manter-se as testagens nas escolas, apesar de toda a logística que é preciso montar. Os professores também têm direito aos testes gratuitos [das farmácias]. E se uns fazem na escola porque é que os outros não hão-de fazer? Se for na escola, acabamos por ter uma maior segurança de que os alunos fazem os testes.”

Sem querer ser tendenciosa, não há como estar no terreno e conhecer a realidade das escolas, das famílias e dos alunos e alunas concretos/as, para responder como a professora Rosário Alves fez à jornalista do “Público”.

Almerinda Bento