O trabalho hoje, em duas breves notas
Foi notícia, pouco difundida pelos meios de comunicação social, a criação, esta semana, a 1 de Abril, de um sindicato de trabalhadores na Amazon.
Depois de um processo complicado e moroso, com alguns reveses anteriores, os trabalhadores da sucursal de Staten Island, em Nova Iorque, conseguiram finalmente votar favoravelmente a sindicalização da sua atividade.
Foi uma vitória difícil, 55% contra 45%, mas levou a que o Amazon Labor Union se tornasse uma realidade e, no entender dos seus promotores, um farol motivacional e polarizador do surgimento de outros pólos sindicais na empresa.
Em comunicado a Amazon refere que "Estamos desapontados com o resultado das eleições em Staten Island, porque acreditamos que ter uma relação direta com a empresa é o melhor para os nossos empregados".
Na democracia USA as organizações de trabalhadores ainda são um óbice ao paradigma Humanista Liberal radical vigente.
Por cá, ontem, os trabalhadores da EDP cumpriram um dia de greve, concentrando-se em frente da sede da empresa enquanto decorria uma reunião de acionistas.
A razão desta manifestação de desagrado decorre dos 0,8% de aumento salarial proposto pela EDP aos seus funcionários.
Numa altura em que a inflação dispara para valores inabituais nos últimos anos, com a consequente pressão sobre os rendimentos das famílias, a EDP prepara-se para distribuir perto de 700 Milhões de euros pelos acionistas, ao mesmo tempo que se propõe aumentar, em apenas 6€/mês, um universo de perto de 500 trabalhadores dos índices salariais mais baixos.
De realçar que a proposta dos trabalhadores da empresa custaria, com um aumento de 70€/mês a todos os funcionários, cerca de 7.5 Milhões de euros, ou seja 1/10 do valor que a "Gestão" pretende distribuir pelos acionistas.
Tanto cá como lá, enquanto não percebermos que são estes desequilíbrios que impossibilitam a paz social, e todas as outras pazes também, o mundo manter-se-á tal qual o conhecemos.
Ricardo Furtado