Artigo:O SPGL E A LUTA PELA INDEPENDÊNCIA DE TIMOR – ALGUNS FACTOS DESCONHECIDOS

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Num momento em que se comemoram 10 anos da independência de Timor em que as televisões nos apresentam os esforços das gradas figuras políticas que por ela lutaram, sinto necessidade de, em nome do rigor, tornar público que foi o SPGL que primeiro reagiu publicamente ao massacre que sobre o povo timorense desabou na sequência dos resultados do referendo em que os timorenses escolheram com grande clareza a via da independência.

Foi de facto aqui, no SPGL, que um pequeno grupo de pessoas pensou, entre 2 e3 de setembro (de 1999) ser necessário reagir. Em dois ou três dias, o SPGL contactou outros sindicatos, autoridades da igreja, outras organizações e desafiou-as para uma concentração de repúdio pelo comportamento dos indonésios. Escolhemos o espaço em frente da maternidade Alfredo da Costa porque ficava perto do escritório das Nações Unidas em Lisboa – espaço que a princípio admitimos que talvez fosse demasiado grande – e imprimimos no SPGL uns milhares de A5 que fomos distribuir para a Festa do Avante que então decorria. Combinámos que  na concentração falaria o Paulo Sucena (ao tempo presidente do SPGL e secretário-geral da FENPROF), alguém em nome da igreja católica (reconhecendo o papel que Ximenes Belo e a igreja católica estavam a desempenhar na resistência do povo timorense) e alguém da comunidade timorense em Lisboa.

A Adélia Almeida, o Manuel Grilo e eu próprio, num contrarrelógio quase impossível, montámos um pequeno palco e preparámos a logística. Esperávamos alguma gente, mas não o que aconteceu. Ficamos todos estupefactos quando à hora marcada vimos chegar uma enorme massa de gente que rapidamente esgotou o recinto e parte da Av. Fontes Pereira de Melo e da Rua Latino Coelho. Chegaram também ministros (tenho presente o ministro Oliveira Martins), deputados, gente grada da nossa política (recordo Bagão Félix, por exemplo)

Foi esse o arranque para um outro encontro já mais organizado e formalizado, também aqui no SPGL (talvez já com a chancela da FENPROF) que organizou as enormes manifestações que se desenrolaram em Lisboa em apoio do povo de Timor.