Artigo:O regresso parcial à escola e duas notas à margem

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O regresso parcial à escola e duas notas à margem

Naturalmente, hoje há que escrever saudando o regresso (parcial) ao ensino presencial. O Público dá a este início do regresso à normalidade largo destaque na 1ª página e fornece dados interessantes em artigo da página 4, assinado por Samuel Silva: “Escolas abrem hoje e levam à rua mais de 1,5 milhões de portugueses”. Comungo plenamente uma das ideias centrais expressas nesse texto: é imperioso traçar planos que permitam a recuperação dos atrasos na aprendizagem resultantes destes dois anos letivos anormais. Recuperação que vai ser exigente e prolongada, e convém não esquecer que são as crianças e jovens de famílias mais pobres as que mais sofrem com esta situação pandémica.

O futuro imediato é incerto. Dentro de semanas regressarão os outros ciclos de ensino, se a estratégia do desconfinamento resultar. E creio que todos estamos apreensivos com as notícias que nos chegam de vários países de uma Europa em contraciclo com a evolução positiva em Portugal.

A recuperação das aprendizagens exige que sejam criadas condições de trabalho que a possibilitem, a começar pela segurança sanitária. Isso compete, antes de mais, ao Ministério da Educação. Mas é indispensável que os professores sejam ganhos para esta tarefa, que é, evidentemente, uma questão de justiça social. Compete-nos a todos tentar minimizar as sequelas desta pandemia: sequelas económicas, sociais, pedagógicas, psicológicas e mesmo de saúde mental.

Um cristão diria “Que Deus nos ajude”. Eu prefiro dizer “Vamos a isto, camaradas!

Nota: O Público de domingo, 14 de fevereiro e o de hoje, dia 15, inclui textos muito significativos sobre a guerra colonial e, mais em geral, sobre o colonialismo. Vale a pena ler!

Nota: Em 15 de Março de 1974, estava eu colocado em Caldas da Rainha, um grupo de oficiais e soldados do regimento da cidade tentou marchar sobre Lisboa para derrubar a ditadura. Falharam. As leituras sobre este levantamento são diversas – há quem defenda que foi uma precipitação que poderia ter prejudicado o futuro 25 de Abril, há quem defenda que, pelo contrário, acelerou a data da Liberdade. Independentemente dessas leituras, deixo aqui um abraço a esses militares, com alguns dos quais convivi, e que foram então presos, e às minhas colegas na então secção do Liceu de Leiria, em Caldas da Rainha, que tinham laços familiares com os militares revoltosos.

António Avelãs