Artigo:O PROBLEMA DA RIQUEZA

Pastas / Informação / Todas as Notícias

O PROBLEMA DA RIQUEZA

Como hoje, 16 de junho, o Corpus Christi nos deu um feriado, proponho para esta notícia do dia um texto um pouco mais longo. São extratos do editorial de Sandra Monteiro no Le Monde diplomatique - edição portuguesa deste mês. (Um jornal mensal de referência cuja leitura vivamente se recomenda)

Com o título “O problema da riqueza”, escreve Sandra Monteiro:

“Insiste-se na prioridade à redução do défice e da dívida pública, mesmo quando a Comissão Europeia congela a regra que impõe essa obrigação, com isso privando áreas fundamentais das verbas necessárias para assegurar o funcionamento corrente. O investimento público permanece muito abaixo do que a pandemia mostrou ser necessário para melhorar os serviços públicos essenciais, e em particular para recuperar os profissionais de saúde de que o Serviço Nacional de Saúde tragicamente carece e os professores cuja insuficiência ameaça cada ano lectivo na escola pública. Verifica-se uma perda generalizada do poder de compra dos trabalhadores (…)”

“Uma perda de poder de compra generalizada e, ainda por cima, assimetricamente distribuída.”

“Perante a profunda crise social que se instala, e que o prolongamento da guerra na Ucrânia, tão a contento de potências e interesses económicos, só irá agravar, o Orçamento de Estado para 2022 devia ter mobilizado todos os instrumentos de política capazes de evitar a construção de uma sociedade cada vez mais polarizada. Sistematicamente, contudo, esses instrumentos ficam de fora desses documentos fundamentais (…)”-

“É pobreza e desigualdade o que se cria quando se desiste sequer de taxar os lucros extraordinários, de centenas de milhões de euros, que estão a ser registados, em plena crise, pelas grandes empresas de distribuição alimentar (Jerónimo Martins, Sonae…) ou da energia (GALP, REN, EDP…).”

“Enquanto são escritos os novos capítulos da história cor-de-rosa da riqueza e do luxo em Portugal (com as notícias sobre o disparar das vendas dos automóveis mais caros e tudo o mais que aí vem), do outro lado da sociedade preparam-se as bandeiras negras da fome que voltarão às manifestações de rua”.

Que estas “citações” conduzam as desejo de ler todo o artigo!

 

António Avelãs