Artigo:O primeiro discurso da nova ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

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O primeiro discurso da nova ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

A nova ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, encerrou ontem a terceira conferência das comemorações dos 25 anos da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, realizada na Universidade de Coimbra. A sessão pode ser revista na página da Fundação.

No seu primeiro acto oficial, num curto e vago discurso, a ministra afirmou que “temos de investigar e ensinar mais, mas acima de tudo melhor”. Mas para melhorar a qualidade do ensino superior e da investigação científica é preciso vontade política e reverter o subfinanciamento crónico do sector. É necessário valorizar o trabalho e os trabalhadores. É urgente acabar com a precariedade brutal que grassa na ciência. A investigação científica em Portugal é desenvolvida em grande parte por um exército de trabalhadores eternamente precários, com bolsas de investigação e contratos de trabalho a termo. Pena, lamentável mesmo, é que numa sessão com o tema “Emprego Científico e Carreiras Científicas” a ministra não se tenha referido ao maior problema do sector. Também no ensino superior se verifica um gravíssimo abuso dos docentes precários, com “falsos” contratos de professores convidados, a assegurar necessidades permanentes de serviço. Os trabalhadores da ciência e do ensino superior, como os outros, têm direito a vínculos estáveis e às carreiras. A carreira não é um luxo, é um direito!

Muito há a fazer neste sector, em que, aliás, pouco se fez nos últimos anos. Definir uma estratégia para um ensino superior e uma ciência democráticos e de qualidade, ao serviço do desenvolvimento económico e social. Valorizar as carreiras, combater a precariedade e democratizar as instituições, mote do SPGL/FENPROF para o ensino superior e a ciência, reflectindo as prioridades para o sector, e pelas quais continuaremos a lutar.

Margarida Ferreira