Artigo:“O Perfil dos que não aprendem”. | “Empatia na Escola? Aqui, o que conta não é estar certo ou errado”

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“O Perfil dos que não aprendem”.

“Empatia na Escola? Aqui, o que conta não é estar certo ou errado”

Público, 17/02/2020

Os dois títulos em epígrafe remetem para os dois artigos sobre a Escola no Público de 17 de fevereiro. O segundo nas pg-14 e 15, assinado por Clara Viana, e o primeiro na pg. 19, tendo como autora Isabel Flores.

Qualquer dos artigos suscita interrogações, o que é bom. O texto de Clara Viana divulga uma experiência pedagógica internacional, o projeto DIALLIS (sigla inglesa do projeto Diálogo e Argumentação para a Aprendizagem da Literacia Cultural), que envolve mais seis países e que em Portugal é coordenado por uma investigadora da FCSH em Lisboa e no qual participam 600 jovens portugueses. O texto de Clara Viana refere a escola básica António Nobre e uma turma do 8º ano da Rainha D- Amélia. Independentemente da reflexão que estes projetos exigem, o que implica a sua análise sem preconceitos de fácil aceitação ou recusa, deve chamar-se a atenção para a seguinte passagem :”Dá-me muita satisfação ter materiais diferentes e inovadores para trabalhar com os alunos, porque às vezes a nossa imaginação esgota-se e ainda por cima quando promovem a equidade e a aceitação pelo outro, que são temas de cidadania,”, adianta Patrícia Gomes, que dá aulas há 15 anos, mas continua a contrato e, por isso, não sabe se no próximo ano estará ali com os mesmos meninos(…)”-

O texto de Isabel Flores é menos pedagógico, mas mais sociológico e político. Volta a insistir no peso que as condicionantes extra-escolares têm no sucesso/insucesso dos alunos. Apresenta dados clarificadores: “Em Portugal existem 15.000 jovens que frequentam o ensino obrigatório durante dez anos e não aprendem quase nada, obtendo nível “1” simultaneamente em Português e Matemática.”; “50% dos alunos difíceis concentram-se em 14% das escolas”; “Dentro da classe social mais desfavorecida há 42% de alunos que atinge nível 3 ou mais” (ou seja, menos de metade…) Mas é também um texto que reconhece e enaltece o papel e a dedicação dos professores (“Os professores tentam dar um contributo positivo para que estes alunos continuem. Sempre os professores como o melhor ativo do sistema de educação”). E a firme ideia final: “Não basta chumbá-los. Uma sociedade desenvolvida não se resigna com o atraso de uma grande fatia dos seus jovens. Ajuda-os a aprender”

António Avelãs