O paroxismo da direita em Portugal
Pode o Chega acabar com a direita em Portugal?
Por mais inverosímil e paradoxal que possa parecer, sim, pode.
O fenómeno Chega, com toda a histeria que o caracteriza, pode ser, e já está a ser, o epicentro da pulverização da direita portuguesa.
O congresso, convenção, encontro, ou lá o que aquilo foi, do MEL pode ter sido o início formal da destruição da direita entre nós. De facto, cada vez mais, os partidos de direita definem-se por estar mais ou menos próximos do ideário explicito do líder do Chega.
Isto é muito pouco e revela muito pouca consistência ideológica.
O principal objetivo desta iniciativa é evidente; o apadrinhamento, a normalização e a inclusão do Chega na direita portuguesa, baseado no seu crescimento exponencial. Acontece que este crescimento é conjuntural, assente em valores bafientos e anacrónicos que, pela sua natureza descontextualizada civilizacionalmente, não podem perdurar por muito tempo, sendo apenas o reflexo de uma sociedade deprimida e em crise existencial.
Notemos também que o MEL tinha outro grande objetivo para esta iniciativa; a reabilitação política de Passos e Portas, numa arremedo de toque a reunir, passadista e algo sebastiânico, em prol do ressurgimento da direita como opção valida e possível para o governo do país.
Ricardo Furtado