O Paradoxo da Meritocracia
Numa breve entrevista à revista Visão da semana passada, Emilio Castilla, professor no MIT Sloan School of Management, aborda o tema da meritocracia, vaca sagrada da ortodoxia Liberal, de forma no mínimo interessante.
“O paradoxo da meritocracia indica como as práticas, que enfatizam muito o mérito e o desempenho, podem acabar por desencadear preconceitos”
Basicamente refere que a “gestão do talento” e a “promoção dos mais qualificados” no local de trabalho, pode facilmente enfermar e ser desvirtuada pelos vieses a que o processo está sujeito. O género, a etnia, a religião, a família e os amigos não ficam de fora da equação meritocrática.
Veja-se o nosso caso; somos avaliados por uma distante SADD, cujos membros muitas vezes nunca nos viram trabalhar, liderada por um Diretor de Agrupamento, que por ter que estar em todo o lado nunca está em lado nenhum, mas que mesmo assim conseguem , com o seu olho doutoral e mão invisível, discriminar com precisão decimal o mérito dos professores que na dependência deles trabalha.
Será também certamente o mesmo tipo de reconhecimento merital que sustenta como razoável que o familiar Soares dos Santos, CEO pois claro, aufira mensalmente 186 vezes o salário do trabalhador menos cotado na escala de mérito da empresa.
Ricardo Furtado