Artigo:O Papão Amarelo

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O Papão Amarelo 

A Confap declarou que está disposta a disciplinar os professores do setor público fazendo lobby pela expansão dos contratos de associação, ou seja, pela privatização do ensino. 

Assim, pensa a Confap, repõe-se a ordem no Universo, acabando com essa praga que são as greves dos professores, que tanto prejudicam os alunos, estimulando ao mesmo tempo a dispersão da Boa Nova da livre escolha, permitindo aos pobrezinhos, coitadinhos, usufruir das melhores escolas, isto é, daquelas em que os professores são sugados até ao tutano para merecerem a honra de puderem ensinar. 

A defesa da livre escolha, por coincidência, também vem hoje bem enunciada no Observador, com a tónica bem vincada naquela sugestão da Assunção Cristas de há uns anos, a de se fechar as escolas públicas em vez das privadas em caso de excesso de oferta educativa , se as segundas forem melhores, claro, pois a justiça acima de tudo, mesmo que feita selecionando alunos e enviando para as públicas aqueles que não cumprem os elevados padrões ético-morais dos proprietários dos colégios.

Claro que pormenores como os de o Ministério Público exigir a devolução de 36 milhões ao grupo GPS pelo uso indevido de fundos públicos nos seus contratos de associação não provoca a menor hesitação neste grupo de pais da Confap, apenas interessados na melhoria do sistema educativo, sem qualquer outro interesse, como o de favorecer descaradamente interesses privados em troca de contrapartidas inconfessáveis. Estou mesmo convencido de que são apenas corações ideologicamente puros que encontraram a luz e a esperança. 

Contudo, os professores ficaram a saber que os portões do Inferno poderão ser abertos, caso o medo e ameaça não façam efeito.

João Correia