O nosso ensino especial visto de fora
A agência Lusa noticiou que no simpósio internacional "Assegurar o Direito à Educação Inclusiva às Pessoas com Deficiência", organizado pela UNESCO, realizado no passado dia 25 de Novembro, a UNESCO aponta a inclusão dos alunos em Portugal como exemplo a seguir, salientando que os projetos inclusivos para alunos com dificuldades desenvolvidos em Portugal abrangem 97,5% das crianças e jovens com deficiência.
Segundo Manos Antoninis, diretor da Global Education Monitoring Report, organismo independente da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) que é responsável por analisar a situação da educação em todo o mundo, «as crianças com deficiência têm duas vezes mais hipóteses de não ir à escola».
Na abertura do simpósio, Manos Antoninis saudou o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido em Portugal, considerando que «tem bons exemplos que devem ser repetidos por outros países», e que «o desafio de todos os países é não deixar que a pandemia desvie o curso de promover o sucesso e equidade escolar».
Numa rara aparição, o ministro Tiago Brandão Rodrigues lembrou nesse simpósio que o trabalho pela inclusão das crianças com deficiência em Portugal começou há cerca de 30 anos, em 1991, e que hoje já há 97,5% de crianças e jovens com deficiência na chamada educação "mainstream". Nessa missão, o ministro atribuiu o "papel principal" aos professores e educadores.
O secretário de estado da Educação, João Costa, que também participou no simpósio, acrescentou que depois de ter os alunos nas escolas, Portugal está agora a criar um sistema que integre as crianças para a verdadeira inclusão.
A diretora-geral adjunta da Educação da UNESCO, Stefanie Giannini, recordou que a preocupação com a inclusão «começou com uma ideia muito simples: não deixar ninguém para trás». Com a pandemia, a tarefa tornou-se muito mais difícil, lamentou.
Depois de um período inicial em que as escolas em todo o mundo fecharam portas e os alunos estiveram em casa, a maioria já regressou ao ensino presencial, mas ainda há países onde as aulas continuam suspensas.
Stefanie Giannini saudou os professores que também estão na linha da frente, à semelhança do que fazem os médicos nos hospitais.
Na conferência esteve também o activista sul-africano Eddie Ndopu. O jovem de 29 anos recordou que nasceu com uma doença grave que, segundo os médicos, lhe iria permitir viver apenas até aos cinco anos de idade. Disse ainda que cresceu com as terríveis estatísticas das crianças com deficiências que indicam que a grande maioria nunca viu uma sala de aula, mas conseguiu fazer a diferença, tornando-se o primeiro africano com deficiência a ser admitido na Universidade de Oxford.
Para Eddie Ndopu, o ensino tem de ser pensado não apenas «para ter acesso ao ensino básico, mas para poder chegar também a Oxford».
Francisco Martins da Silva