Artigo:O “Mundo Novo” com Covid-19

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O “Mundo Novo” com Covid-19

Folheio o “Público” de hoje e não encontro nenhuma notícia de nota, para além do espectável desenlace duma reunião em que os “frugais” impuseram a sua agenda anti-coesão, anti-solidariedade e anti-subsidiaridade, os ditos três pilares da construção europeia.

Assim, trago aqui a entrevista de sábado no mesmo jornal, ao médico Mário Jorge Santos ex-presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública. Ele refere a sua convicção da “possibilidade muito elevada de existência de uma segunda ou mesmo terceira vagas” da pandemia e, embora não tendo certezas, dado esta ser uma pandemia com a qual se está a lidar pela primeira vez, está convencido de o impacto vir a ser maior se coincidir com a época gripal.

A entrevista é interessante e vale a pena lê-la na íntegra, mas a edição destaca aspectos que nos interessam particularmente, pois se referem à organização das escolas e da sala de aula. À pergunta “Acha razoável que se mantenha dois alunos por carteira como parece estar a ser admitido?” a resposta é: “Não. Vai ser necessário e já está nas orientações um afastamento de pelo menos um metro e meio a dois metros entre alunos. Dois alunos por carteira, não.” “Que medidas deveríamos adoptar para que o regresso presencial às escolas perdure?” “A primeira coisa é diminuir o número de alunos por turma. A segunda é diminuir o número de alunos na escola em simultâneo, fazer como antigamente, em que havia uns alunos de manhã e outros de tarde, aumentando o período em que a escola está aberta. E depois o uso generalizado de máscara a partir dos seis, sete anos. Será preciso também muita atenção às crianças do ensino especial, porque não só são mais susceptíveis como têm mais dificuldade em controlar os comportamentos. Outra coisa muito importante é a vigilância apertada, quer dos funcionários, quer dos alunos, em relação aos sintomas. Uma criança ou profissional sintomático não pode entrar na escola.”

Numa questão tão sensível com aquela que estamos a viver e conscientes dos impactos fortíssimos de ordem sanitária, social e económica, o máximo de rigor, clareza e coerência na informação são determinantes para a adesão da população às medidas que forem decretadas. Para tal, o envolvimento e a participação dos interessados através da auscultação dos seus representantes é decisiva. Quando em Maio as normas de distanciamento físico e de redução do número de alunos em sala de aula era claro, não deixa de criar estupefacção que para Setembro, nem redução de número de alunos nem distanciamento sejam factores determinantes e a regra do “se possível” seja palavra de ordem das Orientações do ME, para as quais os sindicatos de professores nem sequer foram ouvidos.

Afinal, parece que na Educação somos mesmo frugais.

Almerinda Bento