No âmbito de “O meu livro quer outro Livro” do Departamento de Professores e Educadores Aposentados e Departamento da Cultura do SPGL, realizou-se a primeira sessão deste ano letivo, no dia 26 de outubro, sobre a obra “Os Grupos de Estudo do Pessoal Docente do Ensino Secundário, 1969-1974-Raízes do Sindicalismo Docente”, dinamizada pela autora Maria Manuel Calvet Ricardo, no Auditório do SPGL.
A sessão começou com a apresentação do tema por António Avelãs, que salientou o caráter afetivo deste reencontro com um tempo que a muitos diz tanto e que foi o “trabalho da resistência possível antes de 74”.
Seguiu-se o momento da troca de livros. Leonoreta Leitão trouxe “Os Sete Pecados Mortais” e “As Três Virtudes Teologais”.
Iniciou-se o tema da sessão.
Maria Manuel Ricardo é uma figura histórica no mundo do sindicalismo.
A obra é um ato de generosidade porque transmite uma experiência vivida dos acontecimentos mais relevantes das origens do Sindicalismo docente, que surgiu após o 25 de Abril de 1974, creditadas por um sério trabalho de investigação a partir de um espólio documental único, referente ao período de 1969-1974 e que a autora entregou ao Centro de Documentação da FENPROF.
Como diz António Teodoro, no prefácio desta obra, “O livro de Maria Manuel Calvet Ricardo passa a constituir referência obrigatória para, conhecendo e compreendendo o passado, pensar o futuro do mais antigo modo de organização profissional coletivo dos trabalhadores assalariados, o movimento sindical.”
A apresentação desta obra trouxe um manancial de informações, impossível de relatar nesta crónica, mas que foram grande motivação para sua leitura.
A autora fez uma resenha dos acontecimentos que constituíram o contexto sociopolítico e educativo em Portugal na época em referência.
Destacou as greves de 62, 65 e 69; o caso da Capela do Rato e a figura de Veiga Simão na reforma do ensino.
Quem eram os intervenientes e porque se formaram os Grupos de Estudo?
Oitenta por cento do pessoal docente de então eram professores provisórios que, terminado o período escolar, ficavam sem vencimento e sem emprego.
As reuniões clandestinas eram convocadas boca a boca, os abaixo-assinados, os contactos entre escolas e imprensa eram sempre muito discretos e conduzidos com inteligência.
No seu relato, Maria Manuel Ricardo prestou uma discreta homenagem a seu pai, Calvet de Magalhães, então diretor da Escola Francisco de Arruda e a quem muito se deveu a agilização dos procedimentos desta luta.
O modelo organizativo deste movimento ainda hoje serve de base ao organigrama do SPGL.
Em 71 este movimento criou o embrião do Estatuto da Carreira Docente.
A revista “O Professor” começou por ser proibida: a parte pedagógica encobria a discussão política.
Já no final, o regime mostrou a sua fragilidade, designando este grupo como “associação secreta”.
Após o 25 de Abril, os professores, ávidos de afirmar o seu lugar legítimo na sociedade portuguesa, constituíram-se como Sindicatos e elaboraram os Estatutos da Carreira Docente.
Após a intervenção de Maria Manuel Calvet Ricardo, tomaram a palavra alguns dos presentes, parte integrante da História aqui abordada.
Leonoreta Leitão, Maria Elsa Teodoro, Adelaide Carvalho, Torgal, Maria da Cruz Pintão, Jorge Almeida, Joaquim Pagarete, Carmelinda Pereira e Lurdes Silva, relataram alguns factos históricos e algumas histórias quase picarescas que, hoje nos trazem um sabor intenso de mistura de “especiarias” como: coragem, convicção, camaradagem, inteligência, capacidade de luta e que nos deixam nas mãos essa construção magnífica que são décadas de melhoramentos para a vida profissional dos docentes. Como alguém disse, é preciso continuar a História da ação e dos factos e a narrativa de tudo o que decorreu após o 25 de Abril.
Cabe ao SPGL e aos professores a tarefa e a responsabilidade de a escrever.
O Professor Torgal sugeriu que se repetisse esta sessão noutros locais e para outros públicos, disponibilizando-se para dinamizar uma em Almada, responsabilizando-se até por encontrar um espaço.
Após a sessão sobre os Grupos de Estudo, foi inaugurada a exposição de pintura de Alfredo Luz, a que se seguiu um beberete.
Cumpriu-se mais um dos objetivos do Plano de Atividades para 2017/18