Artigo:O meu livro quer outro livro - "Pão de Açúcar"

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Em 30 de janeiro de 2019 realizou-se mais uma sessão de “O meu livro quer outro livro”, projeto do Departamento de Professores e Educadores Aposentados do SPGL. O convidado foi Afonso Reis Cabral, que apresentou o seu livro “Pão de Açúcar”.

A sessão iniciou-se com o ponto da situação sindical, pelo colega Manuel Vasconcelos. Deu alguns esclarecimentos sobre vencimentos e problemas relacionados com a contagem do tempo de serviço. Referiu a greve convocada para 15 de fevereiro. Informou ainda que as eleições do SPGL se vão realizar a 14 de maio e as da FENPROF, no Congresso de 14 e 15 de junho.

Durante a troca de livros Leonoreta Leitão ofereceu os seguintes volumes:

“Eu até sei voar” de Paola Mastrocola, uma reflexão satírica e bem humorada sobre os esplendores e misérias do planeta-escola, de acordo com a editora; “Os Rapazes dos Tanques”, de Alfredo Cunha e Adelino Gomes, imagens e testemunhos exclusivos dos homens que estiveram frente a frente no Terreiro do Paço e no Carmo , no dia 25 de Abril de 1974; “Golpe de Asa no Sequeiro”, livro de poesia de Rogério Martins Simões.

Entrando no tema da sessão, Natália Bravo disse algumas palavras sobre o escritor convidado e destacou que, no seu livro “Pão de Açúcar” não há nenhuma palavra fora do sítio, tal o rigor da escrita.

Afonso Reis Cabral agradeceu o convite do SPGL e falou da sua professora e “tutora literária” no ensino secundário, no Porto, Helena Padrão. Sentia que, no momento, estava a falar para pessoas que a evocavam.

Leu algumas considerações que, segundo disse, ”resumem a sua procura ou busca pela literatura.”

Aos nove anos à morte de Amália, ouviu nos seus fados, os poemas de Camões, O’Neill, etc., que o despertaram para a escrita. Até aos quinze anos escreveu poemas que publicou na obra “Condensação”. Considerou, então , que não era poesia que queria escrever mas, exclusivamente, prosa. Já na faculdade escreveu sobre a escrita e o ato de escrever.

No início do mestrado decidiu escrever um romance de que resultou “O meu Irmão”. O desafio era não contar a realidade que conhecia mas criar um narrador, professor universitário, com alguma insuficiência moral e afetiva que recolhe o irmão; é esta figura do narrador que define o livro. A situação do irmão reverte a seu próprio favor, porque, incoerentemente, ele é feliz porque não precisa de lutar por nada. O que faz o romance é “a inveja à solta do narrador”.

O segundo romance “Pão de Açúcar” é para o autor, um desafio maior.

Gisberta, seropositiva, transsexual, refugiada num prédio, foi abusada e morta. No vazio entre o momento em que o grupo de rapazes ajuda Gisberta e a altura em que o mesmo grupo lhe bate e a mata, centra-se o desafio da literatura. ”Como é que se consegue com isto fazer ficção?” É, mais uma vez, na figura do narrador que “se concentra o valor literário da obra”. “Embora não se possa confiar nele, o desafio é a construção de Rafa, que é a parte ativa na história.”

Alguns colegas fizeram intervenções a que o escritor respondeu, destacando-se a que questionou o silêncio sobre as figuras da história real, que, ainda hoje, não se sabe onde param. Considerou ainda o colega que esta obra e o seu jovem autor vão ser valorizados pela sociedade porque reavivaram estes factos e lhes deram visibilidade.

Seguiu-se a sessão de autógrafos e o habitual lanchinho de convívio.

O Departamento está já em plena preparação de uma próxima sessão E só estar atento à divulgação e comparecer. Vale a pena!

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