Artigo:O Meu Livro Quer Outro Livro – Di(z) versos, por Jorge Almeida

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O Meu Livro Quer Outro Livro – Di(z) versos, por Jorge Almeida

No dia 27 de novembro de 2019, realizou-se, no Auditório da Sede do SPGL, mais uma sessão da rubrica “O meu livro quer outro livro”, organizada pelo Departamento de Professores e Educadores Aposentados do SPGL.

Desta vez, o convidado foi Jorge Serra de Almeida, autor da obra poética DI(z)VERSOS, que foi apresentada por António Avelãs. Como alguém disse, foi a primeira vez que aqui se juntaram dois sindicalistas, de primeira água direi eu, num trabalho desta natureza.

Margarida Lopes começou por lembrar que, até 3 de janeiro, estará patente uma exposição de Martí Rom (escultura) e Pasqual Gomes (pintura), a não perder, no espaço A. Borges Coelho.

Seguidamente, Helena Gonçalves deu-nos um apontamento sobre o momento sindical. Para além das informações distribuídas por escrito, informou que o grupo dedicado ao tema “Plano nacional global para o envelhecimento e dependência” irá continuar a trabalhar e contará com a ajuda de Carvalho da Silva. Considerou que o programa do Governo requer acompanhamento crítico das questões e que este é um campo de trabalho ainda pouco abordado.

Jorge Almeida iniciou a abordagem do seu livro tecendo algumas considerações em que aceitou ser o livro uma “autobiografia poética”. Citando Alice Vieira ou Lopes Graça, a afetividade de Jorge Almeida ficou em evidência ao citar, mais que uma vez, a sua mãe e a importância que tiveram, para ele, as suas palavras.

Iniciando a sua intervenção, António Avelãs sublinhou a amizade e o respeito que o tinham levado a aceitar este trabalho.

Apresentou a forma como a obra está estruturada: em 4 partes, cada uma delas iniciada por uma frase introdutória.

Segundo Avelãs, a 1ª parte fala de “dramas e tramas que apontam para uma estética neo-realista, em que a sociedade é analisada e onde há pessoas para quem o paraíso não existe”, retomando a frase introdutória desta primeira parte.

Na 2ª parte, “o outro continua a estar presente mas numa relação de proximidade, intimidade quotidiana.”

“Esta relação de proximidade eu/tu, amores/desamores/ presença/ausência parecem conter, aqui e ali, reminiscências de Eugénio de Andrade”.

A 3ª parte evoca viagens, reais ou imaginadas. No entanto, nestes poemas, não se trata de descrever a viagem mas de se tecerem comentários sobre o local onde se está.

A 4ª parte, é uma revelação muito serena, positiva e irónica sobre a morte.

Considerando olhares negativos que poderão argumentar falta de unidade da obra, Avelãs considera que a unidade está presente em cada uma das partes.

Também o modo de escrever não é uniforme: poemas de duas linhas, outros mais longos, uns com rima outros sem rima, poemas com grafismos que nos fazem lembrar Ana Hatherly e Melo e Castro.

Estas caraterísticas, sem limitarem a qualidade da obra, denunciam uma ironia muito marcada, que nos aproxima pela humanidade que carateriza esta sua obra.

Foram lidos alguns poemas pelos presentes. A sessão foi muito participada e emotiva.

Jorge Almeida voltou a intervir, citando algumas figuras de referência para si e voltou a evocar a sua mãe.

Acabou citando o Padre António Rego com as seguintes palavras ”Nos grandes momentos…é a poesia que nos salva…é um recanto.”

Finalizando, cabe-me dizer que Jorge Almeida é mesmo um poeta mesmo que não nos tivesse mostrado os seus escritos: ao longo da vida tem sabido amar, sentir, pensar e agir; é solidário, irónico, bem disposto e bom colega. Obrigada, Jorge por esta sessão!

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