Artigo:O meu livro quer outro livro – 9 de março - Mulher - Educação - Igualdade

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O meu livro quer outro livro – 9 de março - MULHER – EDUCAÇÃO - IGUALDADE

No âmbito da rubrica “O meu Livro quer outro Livro” e assinalando a data histórica de 8 de março realizou-se, no espaço ABC do SPGL, uma iniciativa sob o lema ”Mulher – Educação – Igualdade”, realizada pelo Departamento de Aposentados e pelo Departamento da Cultura.

A iniciar a sessão José Alberto Marques, Presidente do SPGL, desejou “bom trabalho, reflexão e partilha”. Deixou questões sobre o que a sociedade tem mudado, o que falta mudar e qual o papel das escolas e dos professores para a mudança. Lançou o desafio de, mediante a discussão que íamos ter, que apresentássemos recomendações à direção do SPGL.

Carmelinda Pereira e Regina Marques tiveram a seu cargo as intervenções de fundo.

Carmelinda Pereira referiu que a História nos mostra que não há lutas femininas e lutas masculinas, contra a exploração. Há lutas de todas e de todos, que, em determinados momentos, assumem o caráter insurrecional. Nessa altura, as conquistas por direitos iguais, atingem proporções imensas, ao mesmo tempo que as leis e os comportamentos reacionários são eliminados.

Em seguida enumerou alguns dos principais marcos deste percurso: a Revolução russa de 1917 - aberta pelas operárias de Petrogrado, há cem anos, com uma greve reivindicando ”O Pão e a Paz”; a vaga revolucionária que emergiu da segunda guerra mundial; e a Revolução do 25 de Abril, que permitiu às mulheres portuguesas conquistar direitos que nunca tinham existido na sociedade portuguesa.

Afirmando que é um dado adquirido por todas as organizações do movimento sindical, que não basta os direitos estarem consignados na Lei, sendo necessária a mobilização e a luta para os preservar e pôr em prática. Em toda a parte, as trabalhadoras e trabalhadores lutam lado a lado por este objetivo. Concluiu, questionando: “Não está na ordem do dia um novo salto na nossa História? Como fazê-lo?”

Regina Marques começou por salientar que em 8 de março se celebra a luta das mulheres trabalhadoras que viveram em condições degradantes, subalternizadas e assediadas. Nesse 8 de Março de 1857, trabalhadoras de uma indústria têxtil de Nova Iorque fizerem greve por melhores condições de trabalho e igualdades de direitos para as mulheres. Foram capazes de afirmar a sua luta pela igualdade, pagando, contudo, por ela, o preço das suas vidas. Em 8 de março de 1908, novamente, trabalhadoras Nova Iorque se manifestaram para lembrar o movimento de 1857 e exigir o voto feminino e fim do trabalho infantil.

A desigualdade e a discriminação levaram à luta pela igualdade, pelo direito de voto e pelo direito à educação.

Em 1908, em Portugal, a Liga Republicana das Mulheres tinha como preocupação afastar as crianças do trabalho infantil e levá-las à escola.

Várias questões foram levantadas:

A luta das mulheres é só das mulheres ou é de todos?

A educação é ou não condicionada pelo sexo?

A escola é ou não sexista?

No caso das mulheres, será que é possível conciliar o trabalho com todos os aspetos da vida humana?

Focando a escola, Regina Marques salientou que há muito por fazer, se pensarmos na forma como se tratam assuntos como o desenvolvimento dos adolescentes, por exemplo.

Valorizou o nosso código civil que não é patriarcal, mas não ignorou que vivemos numa sociedade que ainda é discriminadora e, atualmente, menos permissiva à participação da mulher, dada a precariedade e falta de estabilidade no trabalho.

Helena Gonçalves referiu algumas ações desenvolvidas a nível sindical, especialmente a integração dos sindicatos da FENPROF no Projeto EQUAL - Agir para a Igualdade - para além de ações de sensibilização e formação nas escolas.

Carmelinda Pereira lembrou o dever de o Ministério da Educação voltar a olhar para o perfil curricular, dizendo: “Não é possível educar para a liberdade com professores escravizados.”

Terminada a intervenção das conferencistas, foram lidos poemas por:

Marcos Pinheiro, Maria João Vale, Margarida Mascarenhas, Virgínia Rodrigues, Leonoreta Leitão, Jorge Almeida e Dolores Parreira.

Veja aqui Imagens da iniciativa

Recomendações enviadas à CE do SPGL na sequência do desafio que José Alberto Marques nos lançou no início da sessão

 

No debate havido no dia 9 de março, no âmbito das comemorações do Dia Internacional da Mulher, promovidas pelos Departamentos da Cultura e de Professores e Educadores Aposentados do SPGL , constatou-se a necessidade de a sociedade em geral, nomeadamente o movimento sindical, continuar a debater e a aprofundar esta temática uma vez que se estão a verificar retrocessos nas mentalidades e nos direitos dos trabalhadores, em geral e em especial das trabalhadoras e das mulheres.

Assim, na sequência do desafio que o presidente do “nosso” sindicato nos lançou – “Apresentação de recomendações à direção do SPGL” propomos o seguinte:

  • Que o SPGL continue organizado em articulação com a CIMH/CGTP-IN.
  • Que exija ao ME a inclusão desta temática nos currículos escolares.
  • Que exija ao ME a inclusão desta temática na formação inicial e contínua dos/das docentes.

Poemas lidos no Dia mundial da Poesia no Espaço ABC