Artigo:O meu livro quer ouitro livro - Apresentação do livro Cordoaria Nacional de Nunes Rocha, por Adriano Alcântara

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O meu livro quer outro livro
Livro Cordoaria Nacional de Nunes da Rocha apresentado pelo Professor de Português/Francês e Mestre em Literaturas Africanas - Adriano Alcântara - e com a presença do autor.


No dia 8 de Junho decorreu mais uma sessão de “O meu livro quer outro livro”, no 4º andar da sede do SPGL. Esta sessão foi, mais uma vez, organizada pelo Departamento de Professores Aposentados e pelo Departamento de Cultura.
O tema da sessão foi a obra “Cordoaria Nacional” do poeta Nunes da Rocha. A apresentação esteve a cargo de Adriano Alcântara.
A iniciar a sessão Marcos Pinheiro lembrou que um dos objetivos destas sessões é manter o gosto pelos livros e pela leitura, através da troca ou da oferta de livros. Apresentou alguns livros da biblioteca do Departamento que ficaram à disposição dos colegas para leitura de férias. Leonoreta Leitão trouxe, para oferta ao Departamento, “Do fundo do tempo”, de Miguel Urbano Rodrigues, recentemente falecido. Ofereceu, também, um volume de uma coletânea por ela organizada – “cadernos juventude e cultura – 13 – BAIRRO DE LATA” -  e mandada destruir, por razões políticas, pelo então ministro da educação, Sottomaior Cardia.
Seguidamente Marcos Pinheiro apresentou Nunes da Rocha e Adriano Alcântara.
Nunes da Rocha referiu a sua preferência por uma poesia que não tem de ser bonita ou agradável mas que, sem intenção de ser política, é trabalhada para ser sincera.
Adriano Alcântara fez o historial do percurso literário de Nunes da Rocha.
A sua primeira obra “ Tráfico de Rimbaud na Costa Portuguesa”, data de 1990 e tem capa de José D’Alexandre. Este amigo de Nunes da Rocha ilustrou também as capas de “Que horas são?” e de “Cordoaria Nacional”.
Logo de início o autor revelou influências surrealistas de Cinatti, de Cesariny e de Pedro Oom.
“Sabão Offenbach” é a primeira de uma série de obras editadas por Vitor Silva Tavares, a quem dedica um grande reconhecimento, que se revela na dedicatória de “Cordoaria Nacional”: “para vitor silva tavares mestre em caixa alta”.
“Cancioneiro da Trafaria”, de 2009, traz-lhe, finalmente, alguma visibilidade. Com “Cova Funda” é integrado numa coletânea, parceria da Documenta e Fnac, em que se salientam “a unidade orgânica e a sintaxe brilhante” da obra.
“Cordoaria Nacional” é a sua obra mais recente, que Hugo Dias Santos classificou como “Poema político e de um eu medido contra ásperos muros da vida. Um uso da língua que recrudesce ao elevar-se”.
Adriano Alcântara não concorda que “Cordoaria Nacional” seja um poema político. Ele considera que Nunes da Rocha “não cede à demagogia da intervenção política ou subversão militante”. Diz que a sua poesia é “vigiada” porque é “estrategicamente confecionada” do que resulta uma poesia em que o autor “ se mantém igual a si mesmo, ainda que mais subtil e descarado, culto e bruto, veemente, sensível, comovente”. Para atingir o seu objetivo o autor utiliza diversos recursos expressivos: o léxico joga com o culto, o familiar e o calão. A sintaxe é, por vezes , irregular. As imagens são inesperadas.
Segundo António José Fortes este é “um poeta de faca nos dentes”.
Seguiu-se a leitura de alguns poemas pelo autor e algumas perguntas por alguns dos presentes a que o autor respondeu. O autor autografou alguns exemplares antes de terminar a sessão.  

Veja aqui o vídeo da iniciativa e o vídeo da visita guiada à exposição Turbulências, na Cordoaria Nacional