Artigo:O flagelo da Saúde Mental

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O flagelo da Saúde Mental

O diretor do Programa Nacional de Saúde Mental da DGS anunciou esta semana a criação de equipas multidisciplinares de apoio à saúde mental, que passarão a funcionar nos Centros de Saúde e nas Unidades de Saúde Familiar.

Ao que parece, estas equipas serão financiadas ao abrigo do novel PRR e não têm, para já, a sua continuidade assegurada pelo SNS.

Os efeitos da crise económica de 2008, exponenciados pela crise sanitária que começou em 2020 e não se sabe quando terminará, criaram o caldo necessário à instalação de uma grave e generalizada propensão para desequilíbrios psíquicos de vária ordem. É hoje evidente que as dificuldades económicas vividas por grande parte da população teve, e continua a ter, um impacto direto na saúde mental dos Portugueses.

O desemprego e a precariedade, nos adultos, são o principal despoletador desta situação. São potenciais geradores de estados de ansiedade e depressão. Medidas ativas de apoio aos cidadãos que se encontram nesta situação funcionam também como um dos principais meios de que os governos dispõem para evitar o alastrar do problema, com vantagens individuais e de saúde pública obvias.

Os professores são, de há anos a esta parte, um dos grupos profissionais que mais recorre à ajuda psicológica, facto a que não será alheio, entre muitos outros, o elevado índice de precariedade na profissão. Estabilizar profissionalmente uma percentagem significativa dos cerca de 35000 docentes precários, muitos há mais de vinte anos,  seria, de uma penada, uma excelente medida profilática em termos de saúde mental e um gesto da mais elementar justiça laboral.

Já agora, e no mesmo sentido, esperemos que os planos de recuperação das Aprendizagens Essenciais prejudicadas pela pandemia, que, ao que parece, estão a ser preparados por grupos de trabalho especialmente criados para o efeito, não venham a tornar-se em mais um fator de agravamento da saúde mental dos nossos jovens alunos.

Ricardo Furtado