Artigo:O fascismo é uma minhoca

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O fascismo é uma minhoca

Decorrida uma semana do acto eleitoral para a Assembleia da República, depois de uma maioria absoluta e do reforço da representação da direita radical e populista, há que arrumar a casa. São vários os pronunciamentos sobre o balanço aos resultados e a certeza de que a próxima AR será completamente diferente da(s) anterior(es).

Na ordem do dia estão as notícias e os debates sobre quem serão os rostos a presidir à Assembleia e às comissões parlamentares desta nova legislatura. No jornal Público de hoje, Maria Lopes e Rita Silva assinam três artigos visando a possibilidade da entrada do Chega em órgãos da mais alta representação do Estado. Uma coisa é certa: não vai ser com os votos da esquerda que um partido racista, xenófobo, homofóbico e anti-feminista, defensor de valores salazaristas, será eleito para esses cargos. Para alguém que sempre se disse contra o sistema, que vive de um arrazoado de slogans e frases soltas, mas que infelizmente foram acolhidos por largos milhares, não se estranha a postura de vitimização, dos coitadinhos que estão a ser alvo de um “cordão sanitário”. Não pode haver contemplações com quem oscila entre o “fazer tremer o sistema” e se apresenta com pezinhos de lã para fazer parte do mesmo sistema. A jornalista Maria Lopes recorda os países que na Europa integraram forças radicais e populistas em governos e parlamentos: Itália, Áustria, Noruega, Polónia, Países Baixos e Dinamarca. Ao contrário destes países, “na Alemanha, com o passado do nacional-socialismo, a cerca sanitária levou a uma exclusão total da AfD”.

Enquanto que os lugares da Mesa da Assembleia da República são sujeitos a eleição, a presidência das comissões parlamentares é escolhida e distribuída pelos partidos aplicando o método de Hondt aos resultados eleitorais. Assim, as nove primeiras escolhas ficarão distribuídas pelo PS e PSD e a 10ª cairá no Chega. Rita Silva, a jornalista a partir de Bruxelas que assina o artigo, “Eurodeputados rejeitaram todos os candidatos da extrema-direita no PE” diz que, sendo todos os cargos para o Parlamento Europeu electivos, “o grupo Identidade e Democracia (ID), que reúne os representantes dos partidos de extrema-direita da União Europeia, e que por causa do “cordão sanitário” dos restantes eurodeputados nunca conseguiu eleger nenhum membro nem como vice-presidente do Parlamento Europeu, nem como presidente de nenhuma comissão parlamentar.”

Firmeza, clareza e intransigência para prevenir males maiores. Como diz a canção de Sérgio Godinho “ O fascismo é uma minhoca que se infiltra na maçã, ou vem com botas cardadas ou com pezinhos da lã”. Não passarão!

Almerinda Bento