Ensino Artístico
O caminho deve ser outro: criação de uma rede pública de ensino artístico e valorização dos seus trabalhadores
Manuel Guerra | Dirigente SPGL
Quando tantos, com responsabilidades, fazem-se de surpreendidos pelo «estado das coisas» junto de crianças e jovens ou o estado da Democracia no momento presente, talvez valesse a pena olhar para o estado da educação e da cultura, cujos direitos constitucionais, apesar do esforço e da dedicação dos seus trabalhadores, continuam por cumprir.
Um elemento preciso, mas seguramente indispensável para a garantia de uma efectiva Escola Pública, para enfrentar os desafios do presente e para criar uma cultura alternativa, passa certamente por um olhar diferente para a educação artística. E ainda que a educação artística não se esgote no ensino artístico especializado, também neste âmbito é urgente uma intervenção decidida, com soluções há muito apontadas pelo SPGL e pela FENPROF.
Porém, lendo o programa do Governo, no seu «capítulo 10. Educação, Ciência e Inovação» compreendemos que a referência que o MECI produz sobre ensino artístico serve, em boa verdade, para se demitir da sua responsabilidade e apontar o caminho da privatização. Leia-se bem: «Em todos os ciclos e ofertas, mas em particular na educação pré-escolar, no ensino artístico, na educação inclusiva e no ensino profissional, o setor privado desempenha um papel essencial (...)»]. Tal caminho só pode merecer a nossa firme oposição!
Sim, uma outra cultura é possível. Como há muito afirmamos, urge a criação de uma verdadeira rede pública de Ensino Artístico Especializado, urge a valorização dos seus trabalhadores, muitos dos quais no total esquecimento há largos anos!
Texto original publicado no Escola/Informação Digital n.º 46 | junho/julho 2025