- Qual o balanço desta primeira fase de luta?
O balanço é claramente positivo. Os professores compreendem bem o que se está a passar no país e não aceitam ser coniventes com as políticas que o governo tem vindo a prosseguir e põem em causa não só a sua profissão como a escola pública para todos.
- Que leitura fazer das várias manobras do MEC no sentido de evitar o processo de greve em curso?
É mesmo isso "manobras"! O MEC numa primeira fase tentou diabolizar os professores colocando a população contra os professores, à última hora, tanto quanto parece, quando verificou que o recurso que apresentou da decisão do Tribunal Arbitral sobre serviços mínimos, mesmo que lhe venha a ser favorável, não poderia ter efeitos já no dia 17 de junho, voltou a chamar as organizações sindicais para o último dia útil antes da data da greve para fazer as organizações sindicais recuar. Claro que os resultados foram os que se conhecem porque, ao contrário do que pretendem fazer crer, os sindicatos estão a coordenar uma luta que tem objetivos precisos e, perante "uma mão cheia de nada" apresentada pelo governo, não há razão nenhuma para anular uma greve que está enquadrada num processo que se iniciou no passado dia 7 e que tão dignamente tem estado a ser assumida pelos professores!
- Conseguiu-se a compreensão das causas da luta por parte dos alunos e famílias?
A luta pode perturbar e, perturba os alunos e as famílias. Mas antes disso, perturbou os professores que, só porque o governo os colocou numa situação limite é que decidiram uma luta tão alargada e incisiva. Contudo, os alunos sabem bem que os seus professores nunca os prejudicarão! Estaremos com eles na realização dos exames e antes da sua realização, tirando dúvidas, dando-lhes confiança...
Entre os alunos e entre as famílias estão filhos de professores e, naturalmente as famílias dos professores. Portanto, isto não pode ser visto sob o ponto de vista de um campeonato onde, num lado do campo estão os professores e do outro lado os alunos e as famílias!
Finalmente, julgo que a intervenção pública dos vários dirigentes sindicais perante a comunicação social tem demonstrado as mentiras e as meias verdades que o governo e alguns comentadores têm tentado fazer passar sobre os objetivos da luta e sobre o papel dos sindicatos, particularmente da FENPROF, a quem muitos têm tentado isolar.
- Que perspetivas?
Na próxima semana faremos o balanço deste processo com os professores e, em função desse trabalho decidiremos como e quando continuar. É que setembro está aí e, já no final de julho, muitos professores vão ficar a saber que no próximo ano não terão trabalho ou, para o terem, terão de se deslocar para muitos quilómetros de distancia! Portanto os sindicatos, enquanto representantes dos professores, não podem ignorar todas as políticas que estão em marcha e que este governo tem vindo a aplicar convictamente em Portugal.