Num Mundo de hipocrisia globalizante
É certo e sabido que vivemos num Mundo que se rege por tacitismos absolutamente ignóbeis e altamente lesivos para o bem-estar geral das populações.
Em prol de uma economia próspera e de boa vizinhança, aceitamos situações que, se bem pensarmos, nos deviam envergonhar enquanto espécie.
No entanto, parece que tem sido sempre assim na vida da Humanidade, evoluímos enquanto espécie à custa de pressupostos artificialmente criados e baseados em relações de honestidade bastante duvidosa.
Vem isto a propósito da delicada e duvidosa situação em que se encontra a tenista chinesa Peng Shuai depois de, no início do mês, ter revelado que foi vítima de abuso sexual por parte de um antigo Vice Primeiro-Ministro Chinês.
Peng Shuai está desaparecida e a CGTN, televisão estatal chinesa, informou que a tenista "se encontra bem e a descansar". Numa alegada resposta à WTA, Associação de Ténis Feminino, Peng terá escrito que "Não estou desaparecida. As alegações de abusos sexuais não são verdadeiras. Estou a descansar em casa e estou bem. Obrigado pela sua preocupação”.
Nos últimos Jogos Olímpicos, em Tóquio, a atleta Bielorussa Kristina Timanovskaya, teve que pedir asilo político à Polónia, por temer a prisão ou o hospital psiquiátrico, se voltasse ao seu país, após se ter negado a participar numa prova em que nunca tinha participado. "Estou em perigo" alertou através das redes sociais.
Mesmo nesta hipocrisia global reinante não pode valer tudo.
E o problema é que a tudo isto, entre tantas e tantas outras coisas, como o desaparecimento dos médicos chineses que alertaram para o início da Covid-19, o ocidente, desequilibrado e ávido de lucro, reage impassível, vergado aos mais altos interesses da economia mundial.
Se bem atentarmos, o modelo chinês já faz escola no ocidente, veja-se o caso da Rússia, Turquia, Hungria, Polónia, Eslovénia, Bielorrússia,...
Ricardo Furtado