Artigo:Novos protestos em França contra a subida da idade da reforma

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Novos protestos em França contra a subida da idade da reforma

No Público de domingo, 12 de março, num apontamento jornalístico de João Ruela Ribeiro ficamos a saber que perto de um milhão de pessoas participaram em manifestações, em toda a França, contra a reforma do sistema de pensões proposta pelo Governo. Tratou-se da sétima jornada de luta sindical desde que as discussões começaram. A minha escolha desta notícia, para notícia do dia, tem a ver com a pertinência do assunto, mas também com o paralelismo de uma enorme contestação social que se levanta em vários países europeus, e da importância dos sindicatos e da sua união nesta luta.

Emmanuel Macron, terá pela frente uma semana decisiva para que a sua polémica iniciativa possa ver a luz do dia devido a uma proposta que inclui a subida da idade da reforma dos 62 para os 64 anos. Hoje à noite, o Senado deverá votar os restantes artigos da lei, depois de já ter aprovado a subida da idade da reforma na quarta-feira. Seguidamente, o diploma será analisado por uma comissão conjunta do Senado e da Assembleia Nacional para que uma versão final seja votada nas duas câmaras.

Diz-nos o autor deste artigo: “Se no Senado, onde a direita d’Os Republicanos está em maioria, a lei deverá ser aprovada com alguma facilidade, na Assembleia Nacional o futuro é mais incerto. Em cima da mesa do Governo permanece a possibilidade de accionar um mecanismo constitucional que permite a aprovação de certas leis sem votação parlamentar, mas há também a possibilidade de entrada da reforma em vigor automaticamente caso se esgote o prazo para a discussão na Assembleia, que termina a 26 de Março.”

É sentindo que existe ainda margem para um possível recuo que as principais centrais sindicais francesas têm mantido uma pouco comum unidade em torno da rejeição da subida da idade da reforma.

 “Temos de nos manifestar, é agora ou nunca”, afirmou a vice-secretária-geral da Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), Marylise Leon, em declarações à Franceinfo.

No total, em todo o país, os sindicatos contabilizaram perto de um milhão de pessoas a participarem nas marchas de protesto. Em Marselha, a CGT diz terem sido mobilizadas 80 mil pessoas, embora as autoridades municipais refiram apenas sete mil, enquanto em Toulouse a central sindical apontou para 45 mil manifestantes e a polícia fixou o número em dez mil.

A reforma das pensões é amplamente rejeitada pelos franceses, de acordo com as sondagens, sobretudo pela subida da idade da reforma, embora o Governo diga que a medida é fundamental para preservar a sustentabilidade do sistema.

Nos sindicatos a ira aumentou depois da recusa de Macron em receber os líderes das centrais para discutir o tema. “A determinação continua e passou mesmo a um estado de grande raiva perante o que fez o Presidente da República”, afirmou o secretário-geral da CGT, Philippe Martinez, citado pela France 24.

O secretário-geral da CFDT, Laurent Berger, pediu uma “consulta cidadã” sobre a reforma. “Peço àqueles que dirigem o país que saiam desta forma de negação do movimento social”, disse Berger.

O líder da França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, cujo partido tem sido um dos mais activos na mobilização contra a reforma, disse ser necessária “uma saída democrática para esta situação de impasse”.

As centrais sindicais prometeram uma nova jornada de mobilizações para a próxima quarta-feira, dia 15.

 

 Ana Cristina Gouveia