Artigo:Não, não Passarão?

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Não, não Passarão?

Em 2019 a BBC publicou um artigo sobre a ascensão da extrema-direita na Europa, o qual incluía um mapa colorido dos países de acordo com os resultados eleitorais obtidos por essa altura, tempo em que Portugal aparece a branco. Se o mapa fosse de hoje, Portugal teria as cores de França e de Espanha de 2019, e as destes países, bem como a de Itália, seriam seguramente mais carregadas.

Mas vamos passar em revista algumas notícias que retratam este escurecer, não só dos mapas, mas também dos horizontes que se nos colocam no futuro, de que, esperemos, a agressão ilegítima da Ucrânia não seja apenas mais um vislumbre do que pode estar aí a vir por esse mundo fora, inclusive na Europa.

Junho está a revelar-se um mês auspicioso do ponto de vista eleitoral para a extrema-direita europeia, pelo menos na frente espanhola e na frente finlandesa, onde, respetivamente:

- o partido Vox, em coligação com o conservador Partido Popular (PP),  conquistou o poder em dez cidades espanholas. Nas eleições legislativas, programadas para o próximo mês, as sondagens preveem que o PP obterá a maioria em grande parte dos círculos eleitorais, mas terá de coligar-se com o Vox para poder governar;

- o partido de extrema-direita, o Partido dos Finlandeses, ficou em segundo lugar nas eleições legislativas e integra o Governo numa coligação de quatro partidos.

Pela Alemanha,  “Desde o ano passado que o apoio à Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, tem vindo a crescer, de 10% em junho de 2022 para 18% no mesmo mês deste ano, segundo as sondagens analisadas pelo Político.” (Eco-Sapo)

Ainda no mês de Junho viemos a saber que a Justiça europeia confirmou a violação do Estado de direito pela Polónia, em matérias que dizem respeito à independência dos juízes do Supremo Tribunal e o acesso pelos cidadãos a um tribunal independente, conforme noticiado pelo DN

Recordemos o que se passou em França no ano passado ao nível das eleições legislativas: “A União Nacional de Marine Le Pen (extrema-direita) conseguiu 89 lugares, um resultado histórico que mais do que multiplica por 10 o número de representantes na Assembleia, já que tinha apenas 8. É a primeira vez que o partido (ex-Frente Nacional) consegue formar um grupo parlamentar em eleições com escrutínio puramente de círculos uninominais e um crescimento exponencial para a formação de Le Pen, por duas vezes finalista das presidenciais. Em termos de partidos individuais, o partido de Le Pen torna-se no maior da oposição.” (Euronews).

Como esquecer a Itália de Meloni, cujo partido foi o mais votado nas legislativas de 2022 com cerca de 27% dos votos?

Apesar de tudo isto responderei à pergunta inicial, trocando simplesmente a pontuação: Não, não passarão!

João Correia