De João Miguel Tavares, limitando-me às suas crónicas no “Público”, costumo apreciar a elegância e correção da sua escrita e detestar as ideias que nelas expressa. Mas a sua crónica de hoje, 28 de Fevereiro, por acaso 3ª feira de Carnaval, merece, em boa parte do seu conteúdo, o meu inteiro aplauso: Destaco duas passagens: “É verdade, e ainda bem- ao nível da pequena corrupção somos, de facto, um país muito mais sério e decente (do que Angola).Mas será que podemos dizer o mesmo da grande corrupção? Tenho cada vez mais dúvidas”. E mais à frente: “Nós andamos décadas a alimentar a cleptocracia portuguesa sem que o povo tivesse sequer reparado” E, a título de exemplo significativo, remete para Zeinal Bava, Granadeiro, Ricardo Salgado e de um modo mais geral para o processo Operação Marquês. Todos nós seríamos capazes de aumentar esta lista “exemplar”. Mas resta saber como é que se pode travar esta ”roubalheira” quando ela parece ser intrínseca ao rei “mercado”! Disso já não trata a crónica de J.M.T.

António Avelãs