MULHERES - Ainda estamos a 130 anos da igualdade de género no poder
Não resisti a trazer hoje a este espaço uma notícia do “Público” de ontem com o título em epígrafe, em destaque na página de rosto do jornal. O jornalista António Rodrigues debruçou-se sobre este tema, a propósito da saída de Angela Merkel de chanceler da Alemanha, cargo que exerceu durante dezasseis anos.
Dos dados recolhidos pela ONU Mulheres, no mundo apenas há 25 mulheres chefes de Estado e de Governo e, a este ritmo, só daqui a 130 anos se alcançará uma verdadeira igualdade de género no topo da hierarquia política dos países no mundo. As mulheres, actualmente, representam 5,9% dos chefes de Estado e 8,8% dos chefes de Governo.
A nível parlamentar no mundo, as mulheres apenas alcançam 26% da representação enquanto deputadas, congressistas e senadoras eleitas, sendo que os únicos países do mundo onde há igualdade parlamentar são o Ruanda, Cuba, Nicarágua, Emirados Árabes Unidos e Nova Zelândia. Portugal com 40% de deputadas eleitas na Assembleia da República está em 22º lugar. Estando ainda longe a igualdade a nível parlamentar, essa igualdade só daqui a meio século será alcançada. Contudo, segundo as palavras de Julie Ballington, especialista da ONU Mulheres “as mulheres estão a participar na política em maior número que nunca” e está optimista pois a mudança “está em andamento”.
A notícia do “Público” faz ainda referência a um relatório divulgado no mês passado nos EUA pelo Center for American Women and Politics e pelo Rutgers Eagleton Institute of Politics, em que se constata a sub-representação das mulheres afro-americanas na política. Apesar de elas serem 7,8% da população norte-americana, ocupam menos de 2% dos cargos executivos eleitos dos Estados Unidos da América.
A Nova Zelândia é um bom exemplo que merece ser mencionado. Foi o primeiro país do mundo a conceder o direito de voto às mulheres em 1893 e tem liderado os rankings em igualdade de género na política. A sua actual primeira-ministra Jacinda Ardern, muito citada durante a pandemia como um bom exemplo pelas políticas aplicadas, é a terceira mulher primeira-ministra na história da Nova Zelândia. Em 2020, com a reeleição de Jacinda Ardern, a Nova Zelândia conseguiu alcançar 48,3% de representação de eleitas, ou seja, quase a paridade no Parlamento.
Independentemente da avaliação que se faça aos dezasseis anos de Merkel, não posso estar mais de acordo com ela quando diz: “Só posso encorajar as mulheres a envolverem-se na política. Ter só homens já não se adequa aos tempos.”.
Almerinda Bento