Por um dia, a luta firme e corajosa dos professores – tema central da atualidade nacional – saíu das escolas e foi para a rua, numa gigantesca afirmação de resistência e indignação. Largos milhares desceram a Avenida e garantiram: a luta segue dentro de horas com uma grande greve já na próxima segunda-feira, dia 17.
Palco de históricas jornadas, a Avenida da liberdade, em Lisboa, voltou a transformar-se, neste sábado, num mar de protesto, com largos milhares de professores, educadores e investigadores a exigir respeito pela sua profissão, pelo ensino e pelo futuro do país.
"Professores unidos jamais serão vencidos", foi uma das palavras de ordem que se ouviu, com mais fulgor, ao longo do compacto desfile entre o Marquês de Pombal e a Praça dos Restauradores, transformada neste sábado, 15 de junho, em "Praça dos Professores", como disse o "speaker" de serviço à tribuna, Luis Lobo.
"Contra os despedimentos e as 40 horas" - esta era a principal mensagem do pano empunhado pelos dirigentes das organizações sindicais, à cabeça da manifestação. Chegaram aos Restauradores às 16h10. Meia hora depois, ainda o Marquês de Pombal estava repleto, mantendo-se uma enorme massa de manifestantes na Avenida da Liberdade, onde muitos cidadãos e turistas se solidarizaram com a luta dos professores.
"Não daremos aval a qualquer proposta que regulamente a mobilidade especial para aplicar aos professores, seja agora, seja daqui a aum ano", sublinhou Mário Nogueira , o último dirigente sindical a intervir na concentração final da manifestação. "Não daremos aval", acrescentou, "a qualquer proposta que obrigue a mobilidade interna forçada para além dos limites gerais dos 60 quilómetros. Não daremos aval a qualquer proposta que se destine a provocar mais desemprego e degrade as condições de trabalho". Por isso, "nem mais um minuto na componente letiva ou na de estabelecimento".
"Exigimos", prosseguiu Mário Nogueira, "que a direção de turma regresse à componente letiva; retirá-la de lá significa aumentar o horário de trabalho dos professores".
Ouvir os professores, continuar a luta
"Quanto à luta, também aí o nosso compromisso é com os professores", destacou Mário Nogueira, recordando logo em seguida que nos dias 18 e 19 de junho será divulgado nas escolas e nas páginas web das organizações sindicais um breve questionário, para perceber a sensibilidade e a disponibilidade dos docentes face à continuação da luta.
Depois, no dia 20 serão realizados plenários em todas as capitais de distrito, para reforçar esse apuramento (em Lisboa o plenário será no Alto do Parque Eduardo VII, no anfiteatro ao ar livre). Dia 21, as organizações sindicais voltarão a reunir, para analisar a situação a que se tenha chegado na altura e tomar medidas à luz das grandes linhas de força que saírem das respostas ao referido questionário e dos plenários regionais.
"Fraquejar agora na luta seria fatal, seria pôr em causa o esforço já feito", realçou Mário Nogueira. "Segunda-feira, dia 17, vamos realizar uma grande greve. A greve é de todos!", observou.
Noutra passagem, mais adiante, o dirigente sindical afirmaria: "Hoje fomos, uma vez mais, fortes, como foi demonstrado nesta grande manifestação de luta e protesto. Segunda-feira teremos de ser exemplares! Não cederemos a pressões ou ameaças. Vamos mostrar de novo que a lutar também se ensina!".
Estamos unidos!
"Hoje, voltámos a dizer aos que nos querem dividir que estamos unidos"
"O Ministro da Educação chamou "faltosos" aos docentes...Lamentável! Isto é um insulto. O que falta, na Educaçâo em Portugal, é um Ministro e um Ministério da Educação. O que temos é uma delegação do Ministério das Finanças... Quem está em falta não são os professores, são os governantes", acrescentou.
JPO/ in www.fenprof.pt
Vídeo: Paulo Machado
Foto: Jorge Caria
Fotos: Lurdes Baginha
Fotos: Paulo Sadio
Foto: Felizardas Barrada