Modelo de Gestão das Escolas em discussão na AR
Hoje, na Assembleia da República, discute-se o modelo de gestão em vigor nas escolas públicas do ensino básico e secundário, implementado aquando da liderança do ME por Lurdes Rodrigues.
Os Professores contestam já há vários anos, a bem dizer desde o início, uma "gestão" escolar assente numa lógica unipessoal, centrada na figura do Director, que desvaloriza a participação da generalidade dos restantes professores no processo pedagógico que ocorre em cada escola.
As estruturas intermédias de coordenação, artificialmente criadas por Lurdes Rodrigues, não funcionam e nada acrescentam na articulação/comunicação entre professores e "órgão de gestão".
Os Conselhos Pedagógicos deixaram de o ser, na medida em que foram reduzidos a assembleias de repassagem de informação superiormente decidida pelo senhor Director.
Acresce a tudo isto o facto, sintomático do estado da nossa democracia, de os professores terem deixado de eleger directamente o Director da escola ou agrupamento, passando esta responsabilidade para um inoperante, por razões óbvias que decorrem da sua constituição, Conselho Geral.
Muitos dos problemas que se vivem hoje nas escolas decorrem directamente da implementação, por vezes com abordagens excessivas e abusivas, das prerrogativas deste modelo de gestão. Centrar a decisão pedagógica numa única pessoa cria, como não poderia deixar de ser, situações de grande conflitualidade, desconforto e injustiça na relação com os pares. São disto exemplos, sobejamente conhecidos de todos, a distribuição de serviço docente, os horários, as reuniões fora do horário, o 79º, a CNL, etc., etc.
Como se pode observar, pela vivência quotidiana na escola, a prática de gestão actual tende a ser um dos factores de maior instabilidade na vida das Escolas de todo o país.
Hoje, mais uma vez, a irresponsabilidade pelo que se esta a fazer na escola pública não deverá ser motivo suficiente para contrapor à responsabilidade dos que, contra tudo e todos, zelam pelas contas certas do nosso bem comportadinho país.
Ricardo Furtado