Minhocas na Universidade. 25 de Abril sempre! Fascismo nunca mais!
Foi noticiado ontem o abaixo-assinado subscrito por cerca de 60 docentes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra que criticam “a forma como o diretor do Centro de Estudos Russos foi demitido” e defendem “um processo de averiguações pela reitoria”. Há cerca de duas semanas Vladimir Pliassov foi demitido sumariamente pelo reitor, Amílcar Falcão, que “recusou divulgar os alegados factos que levaram à demissão daquele professor russo, referindo que o processo não teve nem teria de ter associado qualquer processo disciplinar”.
"Independentemente de outros aspetos envolvidos, consideram os/as subscritores/as deste documento que a situação cria um precedente inaceitável, suscetível de comprometer a relação de respeito e confiança entre a Universidade de Coimbra e os/as seus/suas funcionários/as, para além de pôr em causa princípios nucleares de direito e de cidadania".
O documento «Pelo direito ao contraditório e à presunção da inocência», que conta entre os seus subscritores com muitos docentes que têm ou tiveram cargos destacados, foi destinado à reitoria da Universidade de Coimbra, com cópia ao director da Faculdade de Letras.
Já na semana passada o SPRC, parceiro do SPGL na FENPROF, divulgou um comunicado intitulado «Por direitos democráticos fundamentais na Universidade de Coimbra e em todo o ensino superior» e exigiu “a reversão desta decisão e a reintegração do professor na UC”.
“Portugal está prestes a celebrar os 50 anos do 25 de Abril. O regime democrático estabelecido pela Constituição de Abril de 1976 necessita, certamente, de ser aprofundado e desenvolvido, mas garante diversos direitos que foram negados a este docente”, lê-se no comunicado.
O reitor é responsável pela “sombra que paira sobre este processo na UC, palco de decisivas lutas estudantis pela liberdade e democracia, local de evocação e memória de docentes saneados na ditadura fascista”.
Entretanto circula também uma petição pública pela “reintegração do Professor Vladimir Pliassov como responsável pelo Centro de Estudos Russos”, a qual conta já com quase três mil assinaturas.
O ataque à democracia e à liberdade, fora e dentro das universidades, é forte e cresce. O facto de um reitor não ter pruridos em se assumir verdadeiramente como ditador apenas comprova a força do ataque, neste caso às claras e num espaço tido como bastião de democracia e liberdade.
Não podemos permitir os avanços das minhocas, venham com botas cardadas ou com pezinhos de lã!
Margarida Ferreira