“May Day - Go Public”
“May Day” evoca o 1º de maio, mas é também uma expressão usada em caso de emergência, escolhida pela Education International para um apelo global ao investimento urgente na Escola Pública, no qual se traça um diagnóstico familiar aos portugueses:
“A escassez global de professores ameaça o direito à educação em todo o mundo. Políticas generalizadas que geram salários não competitivos, cargas de trabalho insustentáveis e precariedade crescente tornam impossível recrutar e reter os professores de que o mundo precisa.”
No mesmo texto refere-se ainda:
“Apesar de declararem o seu apoio à educação pública, demasiados governos reduziram, de facto, os orçamentos da educação. O financiamento da educação caiu em 65% dos países de rendimento baixo a médio e em 33% dos países de rendimento médio-alto a alto desde o início da pandemia.”
“A profissão docente atingiu o ponto de rutura. Educadores experientes abandonam a profissão de que gostam, menos candidatos aspiram substituí-los e a escassez global de professores atinge proporções alarmantes. Esta escassez nega aos alunos o seu direito de aprender, nega-lhes o futuro brilhante que merecem.”
Não é preciso ser um génio da política para perceber a quem mais interessa esta crise intencionalmente provocada nos sistemas educativos, até que se chegue a um ponto de desespero em que qualquer coisa sirva para que as crianças e jovens não fiquem sem um qualquer simulacro de qualidade educativa, desde que as entidades certas fiquem a ganhar com isso, não certamente os professores nem o restante pessoal que faz a educação acontecer todos os dias, muito menos a grande maioria dos alunos.
Um dia destes será novamente a educação a emergir por entre a espuma de comentadores da TV, rádio e internet, que se vão mantendo relativamente discretos quanto às suas predileções ideológicas nesta matéria, à semelhança de toda a direita que se senta no Parlamento.
Mais do que vender as suas ideias políticas, a direita político-comentarista aposta na erosão acelerada do PS como principal trunfo para ganhar as próximas eleições legislativas e impor as suas mal veladas intenções de destruição definitiva da Escola Pública e de qualquer sonho de uma profissão docente digna e apelativa.
João Correia