Artigo:Mais ou menos 26?

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Mais ou menos 26?

“E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico?”. Esta pertinente questão foi feita, como é sabido, por Almeida Garrett. Recentemente, ficámos a saber que existem, em Portugal, 2,4 milhões de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social, ou seja, com um rendimento médio mensal igual ou inferior a 454 euros. Por outro lado, existem 94 000 milionários. Como diria um conhecido ex-governante, é só fazer a conta: 2 400 000 / 94 000 = 25,5. São, portanto, necessários cerca de 26 pobres para fazer um rico. Obviamente, a aritmética da desigualdade não é assim tão simples. Contudo, o facto de, no Portugal de hoje, existirem pessoas que, trabalhando, não conseguem sair de uma situação de pobreza, não pode deixar de nos envergonhar, primeiro, e revoltar, depois. A pobreza é a pior das indignidades.

André Carmo