Artigo:Literacia emocional, precisa-se!

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Literacia emocional, precisa-se!

No Público de 20 de fevereiro, surge com a assinatura de Marta Paula Branco, um artigo de opinião sobre literacia emocional. A grande atualidade do seu conteúdo constituiu a razão da minha escolha para notícia do dia. Aí Marta Paula questiona: “Em tempos de pandemia em que as crianças e os jovens têm sido privadas de momentos de convívio com os seus colegas, familiares e outros adultos significativos, urge perguntar: Como estará a sua saúde emocional. Temos enquanto comunidade, reflectido sobre esta questão?” Apostar numa literacia emocional reveste-se da maior importância para o empoderamento pessoal. E hoje, devido à crise pandémica que atravessamos, esses laços são ainda mais necessários.  

Segundo António Damásio “sem qualquer excepção, homens e mulheres de todas as idades, culturas, graus de instrução, níveis socioeconómicos têm emoções e estão atentos às emoções dos outros”, planeando as suas vidas, em grande parte, na busca de uma emoção, da felicidade, evitando a todo o custo emoções desagradáveis. Segundo ele, “as emoções fazem parte das nossas vidas e orientam-nos para a sobrevivência, podendo apresentar diferentes papéis: de auto-regulação, de comunicação, de motivação e de acção”

Marta Paula continua: “Ora, as crianças dependem de competências emocionais que funcionam como guias para que compreendam quem são, e como devem agir com os outros, procurando criar laços emocionais fortes, que são uma componente básica da natureza humana. Daí a importância de se apostar desde cedo num trabalho continuado de Literacia Emocional, uma vez que o desenvolvimento da criança e do jovem está directamente ligado ao seu desenvolvimento socioemocional.

Para a autora deste artigo de opinião ”Vários têm sido os estudos que nos demonstram que as crianças que desenvolveram as competências emocionais, desde a idade pré-escolar, são vistas como mais adaptadas socialmente. Começando desde cedo esta aprendizagem que dura uma vida inteira, desenvolvemos melhor as capacidades de identificação das nossas emoções.

”A escola é um espaço privilegiado para o desenvolvimento dessas competências emocionais, permitindo à criança, à medida que se desenrolam as aprendizagens, treinar a sua inteligência emocional. É importante que as crianças iniciem desde cedo a aprendizagem de si próprias, e dos outros, através da consciência das quatro emoções básicas: alegria, tristeza, raiva e medo. “Ao longo do seu crescimento harmónico e integral, esta aprendizagem pode implicar uma mudança no seu comportamento, fortalecendo-a enquanto agente social. Terá de saber quando pode expressar as emoções e quando as deve reservar, aprendendo a proteger os sentimentos positivos — como a esperança, a alegria o amor —, da mesma forma que aprende a libertar-se das emoções negativas — como a ira, o medo, a culpa —, e saber como adiar a libertação destas emoções para alturas propícias.

Pegando nas palavras de Helena Marujo, uma das principais investigadoras em Portugal na área da Psicologia Positiva: “os seres humanos são emoção, sendo esse elemento vital para a nossa existência”, e acrescenta: “Enquanto sociedade, deveria existir uma preocupação cada vez maior com esta área do conhecimento.

E finalizando Marta Paula refere: “Trazer as emoções para dentro da sala de aula não só faz sentido como é algo “incontornável”. Identificar emoções e aprender a geri-las pode ser a resposta para o sucesso escolar e pessoal do milénio.”

Vale a pena ler este pequeno artigo e reflectir sobre a nossa humanidade e o que podemos melhorar na formação de crianças e jovens, bem como, na formação inicial de professores.

Ana Cristina Gouveia