Keiko Fujimori não aceita a derrota no Peru
(Público, 14 de junho, pg.20)
Tornou-se prática “normal”: sempre que o resultado não agrada à direita latino-americana (e por extensão aos EUA), surge inevitavelmente a acusação de fraude eleitoral e desencadeiam-se os processos para inviabilizar os resultados. Foi assim na Venezuela, onde por várias vezes se consideraram fraudulentas as eleições sem qualquer prova que tal justificasse. Surgiu logo um senhor Guaidó assumindo um lugar para o qual ninguém o elegera e que muitos países democráticos (!) logo reconheceram como presidente. Devem estar bem atrapalhados com a situação, uma vez que já ninguém respeita tal personagem.
Foi assim na Bolívia, onde insinuações (mais tarde reconhecidas como falsas) de fraude eleitoral retiraram a vitória a Evo Morales. Logo surgiu uma senhora Añez a imitar Guaidó. O tiro aqui saiu-lhes pela culatra: nas eleições seguintes, o candidato apoiado por Evo Morales, Luis Arce, venceu folgadamente as eleições e não houve “espaço” para repetir a farsa.
Agora é no Peru. Vitória da esquerda, de Pedro Castillo. Tangencial, é certo. Mas desde já a candidata da direita e extrema direita, Keiko Fujimori, declara não aceitar os resultados, invocando, como de costume, putativa fraude eleitoral. Não me admiraria que os EUA inventassem um outro Guaidó ou uma outra Jeaninne Añez para restabelecer a sua legalidade eleitoral. Vamos ver o que acontece.
António Avelãs