Artigo:Formar cidadãos que possam tomar conta do nosso planeta

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Formar cidadãos que possam tomar conta do nosso planeta

Lígia Calapez | Reportagem

“O grande objetivo de todos estes projetos é trabalhar em prol dos alunos, com vista a formar cidadãos conscientes, intervenientes, capazes de, no futuro, tomar conta do nosso planeta. E temos esperança de que isso aconteça”.  

Palavras de Élia Martins, coordenadora do projeto Escola Azul na Escola Básica e Secundária Anselmo Andrade, em Almada. Mas que refletem uma ideia partilhada por Isabel Marques, coordenadora do Plano Anual de Atividades, e Teresa Cardoso, coordenadora do programa Eco-Escolas. E que subjaz à impressionante miríade de projetos – implementada por uma escola que, de há muito, é considerada “uma escola de projetos” –, de que aqui se esboça uma pálida ideia.

Em causa estão projetos internacionais, nacionais, locais e de turma. “Tentamos que todos eles entrem, em conjunto, para o grande objetivo de desenvolver as aprendizagens essenciais nos alunos”, afirmou Élia Martins. Nesta perspetiva, o que importa “é que eles, de facto, compreendam que têm uma palavra a dizer, e que o seu modo de atuar, a sua preocupação, aquilo que fazem, conta. Seja pouco, seja muito, conta.  E, trabalhando em conjunto, todos, contamos mais”. 

Começando por transmitir uma visão geral, Isabel Marques destacou o carater transversal de muitos destes projetos, “que abrangem diferentes áreas do saber”. 

Nesta linha entram, nomeadamente, projetos como o Erasmus KA2, de formação de professores, ou o eTwinning, envolvendo em particular professores de inglês (a língua do projeto), mas “em que, efetivamente, são trabalhadas as diferentes áreas do saber. As artes, as ciências, as humanidades”. Ou projetos mais específicos, relacionados com as ciências, a sustentabilidade, projetos ambientais, como o Escola Azul ou o programa Eco-Escolas.

Uma das mais-valias realçadas nos projetos internacionais, tanto por Isabel Marques como por Elias Martins, é darem a possibilidade, 

a muitos alunos, de “ter experiências com realidades muito distintas das nossas. Aprender, mas também partilhar aquilo que de bem se faz aqui em Portugal, e, nomeadamente, na nossa escola”. E Élia Martins referiu um exemplo concreto. “Levámos alunos à Turquia. Que ficaram, de facto, sensibilizados para as questões educacionais, nomeadamente das mulheres, na Turquia. E eu acho que isso é muito importante. Essa partilha de experiências”, comentou.

Educação ambiental, método científico e ciência cidadã

Piratas de Plástico (Plastic Pirates - Go Europe!), um projeto europeu (coordenado em Portugal pela Ciência Viva), enquadra-se, exatamente, numa perspetiva de ciência cidadã. 

“O objetivo seria perceber o que se passa com os rios, de que modo é que o lixo e os plásticos estão a ser utilizados. Que os plásticos que chegam aos rios, depois, é claro, vão acabar no mar”, disse Isabel Marques. Os alunos e as escolas participam na monitorização das praias fluviais (no caso, desde a zona do embarque em Cacilhas, até à Cova do Vapor), “em termos de contabilização, identificação dos plásticos, dos lixos que surgem”.

“É muito importante um método científico na execução do projeto”, destacou Teresa Cardoso. “Não é apanhar os lixos à-toa”. Ou seja, “vendo a origem, eles compreendem a importância de não se deitar os resíduos, nem que seja para o chão. Porque depois esses resíduos, pelas sarjetas, vão parar também aos rios. E compreendem a importância da reciclagem, 

da reutilização e da redução dos resíduos”.

Trabalho colaborativo e embaixadores do ambiente

“Um aspeto que para nós é muito importante – é o trabalho colaborativo”, salientou Élia Martins. “Há atividades que visam proteger o oceano, há atividades que visam proteger as florestas. Mas a Terra é única, o nosso planeta é único e, portanto, trabalhamos em conjunto para proteger o ambiente do nosso planeta. E, trabalhando em conjunto, faz parte dos objetivos do projeto Escola Azul e, também, do programa Eco-Escolas, designarmos alunos que representam os outros e que chamam a atenção para as questões do ambiente”. São os embaixadores do ambiente.

O que se pretende “é que o embaixador do ambiente seja o elo entre a coordenação dos projetos e a turma. E que traga ideias da sua turma para os projetos, e que leve ideias para implementar”, disse Élia Martins. 

Uma prática que conflui para um dos grandes objetivos da cidadania, como realçou Isabel Marques: “conseguir dar voz aos alunos, para que eles tenham uma voz ativa na elaboração desses projetos e na sua 

conceção, planeamento”.

Mais informação: escola-azul               eco-escolas

Texto original publicado no Escola/Informação Digital n.º 42 | março/abril 2024