Jornadas Pedagógicas do SPGL ontem e hoje
Paula Rodrigues | Dirigente SPGL (GT Jornadas Pedagógicas)
Na continuação de um trabalho de décadas de apoio aos sócios e reforço da formação profissional dos docentes, a Direção Regional de Lisboa organizou e publicou em janeiro as Jornadas Pedagógicas de 2024.
Conforme pode ser consultado em www.spgl.pt/jornadas-pedagogicas-2024-direcao-regional-de-lisboa, as Jornadas são compostas por 7 ações de formação de curta duração e 6 visitas que procuram ir ao encontro das necessidades de atualização científica e pedagógica de educadores e professores de todos os ciclos de ensino, são um espaço de partilha e debate e visam apresentar estratégias de abordagem de conteúdos e de desenvolvimento de competências. Os temas das ações são muito abrangentes como a importância da brincadeira no desenvolvimento infantil, estratégias para a dinamização da leitura, expressão dramática, construção de brinquedos com materiais reutilizados, Português Língua Não Materna, intervenções em contexto escolar assistidas por animais e as TIC, mais concretamente o Excel. As visitas por seu lado permitem um contacto direto entre os docentes e com espaços de enorme interesse histórico, artístico, cultural, ambiental e político, constituindo propostas para futuras visitas de estudo com alunos.
Num ano em que comemoramos os 50 anos de existência do SPGL, importa igualmente recordar que a preocupação com a formação científica e pedagógica dos docentes está patente praticamente desde a fundação do sindicato.
Com efeito, em outubro de 1977, na edição n.º 0 (zero), II série, do Escola (antecessor do Escola Informação), são claríssimos os objetivos que norteiam o funcionamento dos “Cursos de Setembro”, que muito se assemelham aos das Jornadas Pedagógicas do presente. No artigo intitulado “Cursos de Verão”, afirma-se que «A formação profissional é um direito de todos os trabalhadores e uma das mais justas reivindicações dos professores ao MEIC» e «Foi com este espírito que o Sindicato organizou esta iniciativa [Cursos de Verão] com a qual os professores têm vindo a provar ao MEIC que é premente a necessidade que sentem de atualizar e completar permanentemente a sua formação, que têm interesse em fazê-lo e que é possível realizar essa formação permanente». «Para pôr de pé esta realização, o Sindicato teve que contar com a colaboração de um conjunto de professores que se puseram à disposição dos colegas para orientar os cursos e conseguiu assim, pôr a funcionar 19 cursos no distrito de Lisboa e 2 no distrito de Setúbal, onde se inscreveram para cima de 1000 professores».
Já a edição n.º 1, II série, do Escola, em janeiro de 1978, assume claramente os Cursos de Setembro como “Uma experiência a continuar”, dado o seu enorme sucesso, sobretudo junto dos professores do “Ensino Primário” e de Português. As principais necessidades de formação mencionadas nos inquéritos de satisfação diziam respeito a questões pedagógicas.
Tal como hoje, o SPGL defende que relativamente ao direito à formação profissional, «… é ao MEIC [ME] que compete dar formação e apoio pedagógico aos professores; é ao MEIC [ME] que os professores devem reivindicar e exigir a formação e o apoio pedagógico». «Ao promover estas iniciativas, o Sindicato responde a uma efectiva solicitação dos professores, mas não pretende substituir o MEIC nem facilitar-lhe a vida. Só na medida em que os cursos sejam diferentes – no espírito que os anima e no próprio conteúdo – dos que o MEIC faria (se a isso se dispusesse), só na medida em que os entendemos como um ponto de partida para a reivindicação de um debate – ou da formação profissional; só na medida em que os professores que frequentam os cursos passam a ter uma participação activa em toda a vida do sindicato – é que eles se inscrevem numa acção sindical que tem como objetivo a criação de um Sindicato forte e a luta por um ensino democrático na unidade de todos os professores».
Texto original publicado no Escola/Informação n.º 307 | jan./fev. 2024