Instituto Nacional de Estatística (INE) publicou hoje dados estatísticos relativos à evolução do desemprego em Portugal
Expresso, 02/06/2020
Desemprego sobe ligeiramente para 6,3%, em abril, mas taxa de subutilização do trabalho, taxa "real" que abrange pessoas sem trabalho, mas que não são contabilizadas como desempregadas pelo INE, pode atingir 13,3%.
A taxa de subutilização do trabalho, que abrange pessoas sem trabalho, mas que não são contabilizadas como desempregadas pelo INE, atingiu 13,3%, mais do dobro da taxa de desemprego oficial, indicam os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística esta terça-feira
O desemprego em Portugal está a subir, mas apenas de forma ligeira. Mas, há outros indicadores que traduzem já os sinais de alerta no mercado de trabalho, na sequência da pandemia de Covid-19. A subutilização do trabalho, que nos dá indicações sobre a evolução do desemprego 'real', está a subir em força.
Em abril, a taxa de desemprego atingiu 6,3%, segundo a estimativa provisória do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicada esta terça-feira.
Este valor fica acima dos 6,2% registados pelo INE em março (estimativa definitiva), mas apenas de forma ligeira. Mais ainda, segundo os dados publicados pelo INE, que são ajustados do efeito da sazonalidade, é um valor que fica abaixo dos 6,6% observados um ano antes, em abril de 2019.
Segundo o INE, em abril estavam desempregadas em Portugal 319,4 mil pessoas.
Contudo, isto não significa que a pandemia de Covid-19 não está a ter efeitos negativos no mercado de trabalho.
Sinal disso, a subutilização do trabalho subiu para 13,3% em abril, abrangendo 709,8 mil pessoas.
Esta taxa compara com 12,4% em março e é o valor mais elevado em mais de um ano, desde janeiro de 2019, quando estava nos 13,3%.
O INE explica que a subutilização do trabalho é um indicador que agrega a população desempregada, o subemprego de trabalhadores a tempo parcial, os inativos à procura de emprego mas não disponíveis para trabalhar e os inativos disponíveis mas que não procuram emprego .
Este indicador é, assim, mais abrangente do que o desemprego medido pelo INE, que apenas contabiliza as pessoas desempregadas que estão imediatamente disponíveis para trabalhar e procuram ativamente um posto de trabalho. Caso não preencham estes requisitos, estes desempregados são considerados inativos.
Além disso, este indicador contabiliza também os trabalhadores a tempo parcial, que gostariam de trabalhar com um horário mais alargado.
"Dadas as restrições à mobilidade associadas à pandemia, a análise da evolução deste indicador é particularmente relevante neste contexto", destaca o INE.
A evolução da população empregada, medida pelo INE, reforça esta ideia. Em abril situou-se nas 4,7543 milhões de pessoas, menos 58,1 mil pessoas do que em março e menos 84,3 mil pessoas em relação a fevereiro, antes da pandemia atingir Portugal.
A quebra em relação a abril de 2019 é de 84,7 mil pessoas.
Os dados publicados pelo INE não dão informação desagregada por sectores de atividade. Mas, a hotelaria e restauração foi particularmente afetada pelo confinamento para conter a pandemia de Covid-19 e poderá ser um dos mais penalizados em termos de emprego.
Os dados publicados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional, que medem o número de desempregados registados nos centros de emprego, também sinaliza os problemas no mercado de trabalho, com forte aumento em março e abril.
Paula Rodrigues