Artigo:Informação rigorosa, precisa-se

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Informação rigorosa, precisa-se

Na página 9 do jornal “Público” de hoje, publica-se um documento assinado por quatro professores catedráticos, sendo Eduardo Marçal Grilo o primeiro subscritor, com o título “Riscos do enviesamento informativo: o recente exemplo sobre a Educação em Portugal”.

Começando por nomear os portugueses, os autores referem “duas características fundamentais que só os prejudicam”: o não reconhecerem os aspectos positivos da nossa sociedade e o enfatizarem demasiado os aspectos negativos. Atribuindo aos media um papel de relevo no sentido da formação da opinião pública, consideram, no entanto, a tendência para o que chamam de enviesamento informativo, no sentido de irem ao encontro do que tem impacto, daquilo que vende e que, geralmente, são as notícias negativas, que muitas vezes empolam e distorcem os factos. Como bem dizem os subscritores do texto de opinião que o “Público” publica hoje, esta forma distorcida de apresentar a realidade “desliga os cidadãos da necessidade da sua intervenção política pessoal”.

Depois destas considerações gerais, focam a sua reflexão na Educação e na forma como os jornais trataram ou não trataram o recente relatório da OCDE – Education at a Glance – que analisa o estado da Educação em 38 países. A ausência de notícias sobre a Educação em muitos jornais reflecte a pouca importância que é atribuída à Educação (não vende, digo eu) e tem efeitos na formação da opinião da sociedade. De seguida analisam dois casos: no “Expresso” o diminuto espaço dado à análise do relatório; no “Público” a distorção que foi dada ao investimento que tem sido feito no ensino superior nos últimos anos, omitindo outros ganhos significativos.

E terminam e subscrevo: “A concluir, fazemos um apelo a que especialistas de outras áreas tentem intervir publicamente, corrigindo a postura excessivamente sensacionalista e por vezes negativamente enviesada frequentemente encontrada nos nossos órgãos de comunicação social.// Em democracia, o papel da comunicação social é fundamental, diríamos mesmo essencial ao próprio regime democrático, mas a sua responsabilidade passa por atuar com rigor, com isenção e sobretudo com o sentido de informar e escrutinar, de forma que não se cometam erros de omissão ou de informação distorcida.”

Penso que falta aqui uma reflexão mais profunda sobre quem manda nos órgãos de comunicação social, os verdadeiros manipuladores das consciências que, ora põem o foco no que lhes interessa, ora apagam a luz sobre aquilo que querem que fique escondido. Estes tempos que vivemos desde a pandemia e agora com a guerra na Ucrânia têm sido férteis não só em fake news, mas no tal enviesamento informativo de que falam os subscritores do texto.

Nota: Todos sabemos os efeitos devastadores da intensa campanha difamatória e persecutória produzida pelo ministério de Maria de Lurdes Rodrigues contra a classe docente, um verdadeiro anátema que colou e que permitiu desde então o aprofundamento de políticas de desvalorização social e económica na carreira dos professores.

Almerinda Bento