Artigo:Infectado, assintomático

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Infectado, assintomático

Não há como fugir. A notícia do dia é mesmo a situação do presidente/candidato a Presidente da República que, num teste PCR realizado ontem à noite deu infectado com covid 19, embora assintomático. Tudo parou desde ontem à noite. Todas as notícias se viraram para este dado novo.

No segundo dia de campanha para as presidenciais, o candidato praticamente sem campanha, sem outdoors, sem tempos de antena, com um orçamento irrisório, o candidato presidente está confinado da zona residencial do Palácio de Belém. Chovem as perguntas, as suposições, as dúvidas. É possível não adiar a data das eleições? Estarão os outros candidatos também infectados? Há condições para fazer campanha? Não terá sido uma imprudência não ter começado pelos políticos a campanha de vacinação? Perguntas, perguntas e mais perguntas.

Num tempo carregado de incertezas, em que toda a gente lança palpites e se arroga de ser detentora de toda a verdade, é difícil assumir que planear e prever é fundamental, embora tenha de haver a humildade para nos colocarmos na nossa posição de que tudo pode mudar de um momento para o outro. Estamos, desde que esta pandemia começou em Março de 2020 a viver um dia de cada vez. Aliás, já antes estávamos, mas a evidência não era tão palpável. Claro que com isto não estou a desmerecer o papel primordial dos cientistas, dos matemáticos, dos políticos, mas a assumir o imprevisível e o peso do desconhecido face a um vírus novo que veio alterar radicalmente o nosso modo de vida.

Voltando às notícias que ontem à noite se impuseram e em que todos os candidatos e candidatas fizeram comentários e notas de votos de melhoras para o candidato infectado, o candidato de extrema-direita, populista camaleão apareceu em todos os canais, compungido, comunicando que iria suspender a sua campanha invocando o seu sentido de responsabilidade. Poderia ser cómica esta tirada, se não fosse efectivamente trágica. Os populistas nunca perdem uma oportunidade de aparecer e de fazer campanha. Só precisam que uma câmara e um microfone lhes sejam apontados.

Lá longe, no estertor da sua presidência e a jogar até dia 20 de Janeiro, Trump vai visitar a sua grande obra, o muro que separa os States do México, aquilo a que ele chama a sua promessa cumprida.

Até dia 24, dia das eleições presidenciais em Portugal, tudo pode acontecer, mas a imprevisibilidade e o desconhecido são a matéria de que são feitos os dias.

Almerinda Bento