Artigo:Imperialismo vai bem e recomenda-se?

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Imperialismo vai bem e recomenda-se?

Nos últimos dias, foram vários os canais televisivos que apresentaram John Bolton, conselheiro para a segurança nacional de Donald Trump, dizer que os russos não deviam interferir na crise venezuelana, porque aquele era “o nosso hemisfério”.

Descontando as questões de linguagem, já que, com certeza, Bolton não estava a referir-se a todo o hemisfério sul, não deixa de ser impressionante a forma desbragada como um indivíduo de ar circunspecto e inexpressivo, protótipo do bom burocrata, se refere ao poder real dos EUA sobre toda a américa central e do sul, o mesmo que legitimou as atrocidades das ditaduras que aí floresceram no tempo da guerra fria, quando a ameaça comunista tudo justificava, inclusive assassínio em massa, a tortura sistemática de homens e mulheres, o assassinato de políticos democraticamente eleitos, etc.

O que esperar dos sistemas políticos da américa central e do sul, sob forte pressão norte-americana para revogar os poucos normativos de protecção ambiental e social para facilitar a predação capitalista, senão a emersão brutal e repentina dos populistas securitários, corruptos, violentos, insensíveis aos mais básicos valores ecológicos e socias, capazes de vender tudo e todos à própria mediocridade e ganância?

Foi a este tipo de gente que o povo deu o voto no Brasil, e agora vai ter que pagar com as riquezas que o Império reclama.

Será também este o tipo de gente que sucederá a Maduro, o tal que foi incapaz de largar o poder quando devia, convocando eleições com resultados credíveis?

João Correia