Ideologia e Preconceito

Poucos assuntos de importância nacional são tão reveladores da marcada influência de uma certa Ideologia, e de muito preconceito, como o Orçamento de Estado.

É, aliás, deveras curioso observar a forma como os mais diferentes formadores de opinião, influenciadores pois claro, atuam no sentido de fazer valer as suas opiniões, ou, se calhar mais acertado, de fazer valer os pontos de vista que, não sendo seus, querem difundir e fazer passar como válidos.

A este propósito, e bastante elucidativo, o putativo candidato à liderança do PSD, Paulo Rangel, declarou esta semana, em entrevista televisiva, que o seu partido deve chumbar o OE22 porque é oposição. Assim, tão simples como isto.

Curiosamente, o PCP e o BE, sendo oposição, têm, para ele, o dever de deixar passar o OE22

O entrevistador bem se esforçou por lhe demonstrar que a sua posição, e a do seu partido, poderiam levar a eleições antecipadas, revelando irresponsabilidade política.

Estando esta proposta de Orçamento de Estado ideologicamente muito mais próxima do PSD do que do PCP e do BE, que lógica político-partidária existe em considerar que deverão ser estes últimos a permitir que ele passe na Assembleia da Republica?

É isto Ideologia ou Preconceito?

Quem é que afinal não aprova o OE22 por ideologia e quem não o faz por preconceito?

Por muito que nos custe vivemos hoje em Portugal na estreita faixa que vai da Ideologia ao Preconceito.

Se persistirmos em não alcançar mais, como povo, continuaremos a definhar como nação.

Ricardo Furtado