Artigo:I can´t breathe - uma violência que dignifica

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I can´t breathe - uma violência que dignifica

As imagens são terríveis: com uma frieza animalesca um polícia branco asfixia em plena rua um negro, suspeito de ter pagado qualquer coisa com uma nota falsa. Um mata, outros três assistem. Cúmplices. I can´t breathe, repetia o asfixiado. Estava encontrado o ”slogan” que levantou a América negra e boa parte da América branca em fortíssimo protesto contra a tirania racista da polícia. George Floyd é apenas mais uma vítima, num largo número de assassinatos de cariz semelhante, crime raramente punido com a prisão devida porque, para a justiça americana, nestes casos a culpa é quase sempre do “agressor”.

Que um corpo social seja capaz de se levantar em massa contra um crime como o que foi exposto pela comunicação social, simultaneamente levantando o seu grito contra o vírus do racismo que se intensifica no seu país, é um ato de profunda dignidade.

É verdade que nestas situações, a emoção se sobrepõe muitas vezes à racionalidade. Alguns modos de traduzir a raiva através da violência deveriam não existir; é possível a infiltração de grupos provocadores. Mas isso deve ser desvalorizado perante o significado profundamente humano desta revolta. We can´t breathe!

PS: Que me perdoem as crianças por não lhes dedicar a elas estas notas, hoje, 1 de junho, Dia Mundial da Criança. É que há situações perante as quais não podemos ficar calados e que têm urgência.

António Avelãs