Artigo:“Há escolas à procura de professores desde o início do ano letivo”

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“Há escolas à procura de professores desde o início do ano letivo”

in Expresso de 12/10/2019

A nota de capa do Expresso deste fim de semana remete-nos para uma notícia de página inteira na secção Educação com o título “Há escolas à procura de professores desde o início do ano letivo”. Ainda em destaque no cimo da notícia “Lisboa, Setúbal e Faro são os distritos mais afetados. Rendas altas e salários baixos ajudam a explicar a dificuldade em encontrar candidatos.”

A notícia é bastante clara e óbvia para quem quiser entender o gravíssimo problema de horários que não são preenchidos. Desde o início do ano lectivo e até ao momento presente, foram declarados 16 837 horários a nível nacional a precisar de docentes. Trata-se de um fenómeno que vem vindo a aumentar de ano para ano e as dificuldades em preencher horários começam cada vez mais cedo.

71% dos horários em falta são nos distritos de Lisboa, Setúbal e Faro e os grupos de recrutamento mais carentes são Informática, Geografia e EMRC. Em Geografia há 30 horários do 3º ciclo e do secundário, a maioria completos, por preencher. Em Informática são 57 horários e não se vê forma de encontrar candidatos disponíveis para os assumir.

Como a notícia assinala em bold, é impossível aceitar um horário quando o que se paga pela renda é praticamente aquilo que se recebe ao fim do mês. A notícia exemplifica o escândalo de um T1 no Algarve por 700€ só livre até Maio! E depois aflora o gravíssimo problema de saúde dos docentes resultante do desgaste por idade, das depressões, de onde decorrem baixas prolongadas. O envelhecimento da classe, com mais de metade dos docentes com mais de 50 anos é um problema real e com consequências no presente e gravíssimas no futuro.

O ministério parece que não quer ver. Parece que não quer tomar medidas drásticas que minimizem danos que já acontecem hoje. Entretanto… remenda-se, mascara-se, usam-se paliativos, ou seja, os directores fazem redistribuição de horários e recorrem a horas extraordinárias. Carrega-se nos que estão no sistema e que já não conseguem aguentar mais carga! A directora do Agrupamento de escolas de Loulé dizia: “As escolas vão fazendo milagres. Às vezes fazem mesmo omeletes sem ovos!”

Quando deixaremos de recorrer às receitas estafadas de sempre? O ministério da educação agradece. Os professores não. As escolas não. O ensino não.

Almerinda Bento