Artigo:Grupo de médicos contra bastonários: "influenciadores" com "objetivo mercantil"

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Grupo de médicos contra bastonários: "influenciadores" com "objetivo mercantil"

No DN, 27 de outubro

"Um grupo de médicos assinou uma carta de resposta à que foi enviada pelo atual e ex-bastonários dos médicos à ministra da Saúde, descrevendo-os como "influenciadores" motivados por interesses pessoais e mercantilistas contrários aos do Serviço Nacional de Saúde."

Entre os subscritores, Ana Jorge (ex-ministra da Saúde), João Goulão, diretor do SICAD, Isabel do Carmo,  endocrinologista e nutricionista, Luiz Gamito, psiquiatra,  Carlos Vasconcelos, especialista em Medicina Interna, José Manuel Boa vida, endocrinologista e presidente da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, Jaime Teixeira Mendes, cirurgião pediátrico e presidente da Associação de Médicos pelo Direito à Saúde, 

Uma carta em alinhamento com as razões do BE para chumbar o OE: a insuficiente aposta no SNS, quando tudo grita por mais meios. Alternativa: pagar as contas chorudas que os prestadores privados apresentem, e, a prazo, encolher o SNS pelas suas incompetências "genéticas". 

Diz a carta:

"A concretização da proposta de operacionalização do chamado 'sistema' de saúde, com 'normalização' da compra de serviços de saúde a prestadores privados, subverteria o conceito constitucional do Serviço Nacional de Saúde."

Faz-nos lembrar imediatamente o problema dos "amarelos" na Educação, para os quais houve uma resposta da geringonça suficiente para, pelo menos, adiar as intenções de privatização. 

Lucrar com a prestação de direitos fundamentais, como a Saúde ou a Educação, passa sempre pela degradação da qualidade do serviço, dos salários e das condições de trabalho, pois o lucro e os dividendos dos acionistas falam sempre mais alto. 

Se, numa fase de expansão dos sistemas privados, por concomitante destruição dos sistemas públicos, são permitidas umas "liberalidades" aos clientes e aos trabalhadores mais qualificados (médicos especialistas, por exemplo) para tornar a pilula mais doce, numa fase mais adiantada, como nos EUA, as garras são cravadas até ao osso, pois a ideologia e a relação de forças política se encontra completamente consolidada, tornando quase impossível a reversão do modelo. 

É para este caminho que André Ventura vem prometer votos de muita gente que não votaria em nenhum partido existente, acrescentando-os ao de uma possível geringonça de direita. 

E o caminho de revisão constitucional que apontou, um sinal aos financiadores partidários que estão interessados nas ainda possíveis privatizações e destruição definitiva da proteção laboral ou do que resta do Estado Previdência. 

A reversão dos interesses dos "amarelos" não será tão fácil de aplicar na Saúde, setor em que avultados investimentos rumam a uma velocidade de cruzeiro, ocupando rapidamente os vazios deixados pelo SNS, frutos do sub financiamento crónico. As empresas neste setor têm outro músculo financeiro e muito mais influência nos partidos do arco da governação e respectivos satélites que as do setor da Educação. 

João Correia