Artigo:Greve começa hoje

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Os professores e educadores iniciam hojeuma greve às horas lectivas extraordinárias que pode prolongar-se até final do ano, caso o ME persista na manutenção de uma fórmula ilegal para cálculo do valor dessas horas.

 Na verdade, apesar de o Estatuto da Carreira Docente ser claro sobre a fórmula a adoptar, devendo a hora extraordinária calcular-se a partir das 22 ou 25 horas lectivas do horário-base dos docentes, o ME decidiu, unilateral e ilegalmente, efectuar o cálculo a partir das 35 horas, ou seja, do horário completo do docente, deixando de fora, por esse motivo, o tempo de trabalho individual que está adstrito a cada hora lectiva.

O problema não se resume, contudo, ao valor do pagamento e à ilegalidade face ao ECD; o problema é mais fundo. Se cruzarmos esta imposição ilegal com o projecto de despacho sobre a organização do próximo ano lectivo, concluímos que em causa está, na verdade, a existência de uma componente de trabalho individual no horário dos docentes. Naquele projecto de despacho, verifica-se que o ME transfere inúmeros cargos e funções da componente lectiva para a não lectiva e, para que isso se torne possível, prevê eliminar a fixação de um número mínimo de horas, como prevê o actual despacho, para o trabalho individual (8, 10 ou 11).

 É pois isso, provavelmente isso mais do que qualquer outra coisa, que está em causa nesta imposição ministerial: acabar com as horas para trabalho individual, passando os professores a ter o seu horário praticamente preenchido com trabalho lectivo e trabalho de estabelecimento, tendo de preparar as suas aulas e de dar conta do trabalho que decorre das mesmas, em tempos que vão além do seu horário, roubando tempo à cidadania e ao descanso.

 Se outras razões não existissem – que existem! – esta é suficientemente forte para que os docentes façam greve ao serviço extraordinário até que o ME regularize a situação.

 

PLATAFORMA DE SINDICATOS É RECEBIDA NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

No dia em que tem início a greve às horas extraordinárias, a Plataforma de Sindicatos de Professores é recebida pela Comissão de Educação e Ciência da Assembleia da República. Esta reunião, que tem lugar no dia 1 de Março pelas 18 horas, foi pedida para que sejam colocadas as preocupações das organizações sindicais face à falta de negociação em aspectos essenciais à vida das escolas e dos professores, mas também para que sejam colocadas as preocupações perante situações que estão a perturbar muito o trabalho dos professores nas escolas: as medidas que fazem adivinhar um grande aumento de desemprego em Setembro, a crescente instabilidade que vivem os professores, a desvalorização do exercício da profissão docente e a degradação das suas condições de trabalho e também a forte desorganização que a teimosa manutenção do actual regime de avaliação está a causar nas escolas. Aspectos que, no conjunto, afectam o quotidiano das escolas e, assim, a qualidade da Educação.

 

Lisboa, 28 de Fevereiro de 2011

 A Plataforma de Sindicatos dos Professores