França quer eliminar ponto mediano, usado para linguagem mais inclusiva
O jornal digital Notícias ao Minuto divulgou, no dia 13 de Junho, uma notícia da Agência Reuters acerca do ponto mediano, que é usado em França quando se pretende distinguir uma palavra no género feminino e masculino. Um sinal que o ministério francês da Educação pretende abolir, considerando que apenas causa mais dificuldades de aprendizagem.
O sinal foi adoptado com o objectivo de tornar a linguagem mais inclusiva e igualitária. Uma decisão que não gera consenso.
O sinal em causa é um ponto a meio da linha, que em França é utilizado até nos textos oficiais das administrações locais e no sector privado, para acrescentar um sufixo feminino a um substantivo masculino. Uma única palavra designa assim ambos os sexos. Por exemplo, em vez de se escrever "parisiens et parisiennes" (parisino e parisina), escreve-se "parisen-ne-s" (algo como "parisino-a-s" (no português usa-se a formulação portugueses/as).
Uma circular do Ministério da Educação datada de 5 de Maio veio reacender a discussão com o ministro Jean-Michel Blanquer a defender que "a utilização da chamada escrita 'inclusiva' deve ser proscrita".
Nessa circular refere-se ao fim do ponto mediano, bem como dever-se assumir a concordância de proximidade, ou seja, em vez de se escrever "três dias inteiros e três noites inteiras" pode-se escrever apenas "três dias e noites inteiras", assumindo que o adjectivo deve ser escrito no género da palavra que lhe é mais próxima (neste caso noites).
O documento não é uma alteração total da escrita inclusiva, alega, uma vez que recomenda outras modalidades, tais como "a utilização da feminização das profissões e funções".
Um dos argumentos do ministro contra o ponto é que ele "constitui um obstáculo ao acesso à língua para crianças com certas deficiências ou distúrbios de aprendizagem". O ponto médio seria, segundo Blanquer, um exemplo não tanto de escrita inclusiva mas de escrita de exclusão.
Francisco Martins da Silva